O número de municípios brasileiros que oferecem serviços de transporte por aplicativo cresceu 65% entre 2020 e 2024, revela a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) 2024, divulgada nesta sexta-feira (31) pelo IBGE. Ainda assim, essa modalidade representa uma minoria no país, com apenas um em cada quatro municípios oferecendo esse serviço.
Distribuição do transporte por aplicativo e outros modais
Dos 5.568 municípios que responderam ao levantamento, 1.465 (26%) informaram possuir serviços como Uber, Cabify e 99,Taxi. A maioria das cidades, 73% (4.084 municípios), não possui esse tipo de transporte. Outros modais tradicionais continuam predominando na estrutura urbana, como táxi (80%), transporte coletivo intermunicipal (78%) e mototáxi (53%).
Segundo a analista do IBGE, Caroline Santos, a presença do transporte por aplicativo é influenciada pelo tamanho dos municípios. Ela explica que “o transporte rodoviário é predominante por conta da extensa malha de estradas do Brasil e existe uma forte relação entre o tamanho da população e a infraestrutura de transporte”.
Impacto do tamanho do município
Caroline Santos ressaltou que cidades menores, especialmente as com até 20 mil habitantes, dependem mais de transportes intermunicipais, geralmente de responsabilidade estadual, e têm menor presença de ônibus intramunicipais. Ela destacou que a maior expansão dos aplicativos ocorreu em municípios de médio porte, entre 50 mil e 100 mil habitantes, reflexo de uma necessidade de alternativas à malha de transporte tradicional.
“A presença do serviço por aplicativo está crescendo nos municípios mais populosos, o que evidencia o esgotamento da malha de transporte convencional e possíveis desafios de planejamento urbano”, avalia a pesquisadora.
Regiões e desigualdades na oferta do serviço
O Rio de Janeiro lidera com 62% das cidades atendidas por aplicativos, seguida por São Paulo (48%) e Santa Catarina (45%). Por outro lado, estados como Piauí e Paraíba apresentam menor cobertura, reforçando desigualdades regionais no acesso a esse tipo de transporte, segundo dados do IBGE.
Nos níveis estaduais, a pesquisa revelou que oito unidades federativas ainda não possuem reserva de vagas em concursos públicos voltados a negros, quilombolas, indígenas e ciganos, indicando que as políticas de ações afirmativas permanecem aquém do esperado. Entre esses estados estão Amazonas, Roraima, Pará, Tocantins, Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás.
Desafios das políticas de cotas e inclusão racial
Para Caroline Santos, o dado revela que as políticas de cotas, implementadas há mais de 15 anos, ainda não estão sendo plenamente cumpridas. Contudo, ela destaca que a disponibilidade desses dados é um avanço, possibilitando a elaboração de políticas públicas mais eficazes no combate às desigualdades.
A continuidade da análise poderá indicar se as ações atuais estão surtindo efeito na redução das disparidades raciais e sociais no Brasil, avalia a especialista.
 
 
 
 

