Brasil, 31 de outubro de 2025
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Reformulações no chocolate: como o aquecimento global afeta o sabor e a composição

Aumentos de preços do cacau e mudanças nas receitas revelam os impactos das mudanças climáticas na indústria de chocolates

Nos últimos anos, as embalagens de chocolates têm passado despercebidas por mudanças na descrição de seus ingredientes, com marcas como Mr. Goodbar, Almond Joy e Rolos substituindo o termo “chocolate ao leite” por “doce de chocolate”. Essas alterações indicam reformulações na composição, motivadas por fatores econômicos e ambientais, e o impacto do aquecimento global na produção de cacau.

Desde as embalagens até a receita: o que mudou na composição do chocolate

Especialistas afirmam que as altas nos preços do cacau, em decorrência de secas prolongadas, temperaturas extremas e doenças nas plantações, levaram a uma onda de reformulações por parte das fabricantes de doces. Para contornar o aumento de custos, algumas substituem manteiga de cacau por gorduras vegetais, o que faz com que seus produtos deixem de atender à definição regulatória de chocolate ao leite nos Estados Unidos.

Impacto das mudanças climáticas na produção de cacau

A produção de cacau na África Ocidental, principal região do mundo, vem sendo afetada por secas mais longas, temperaturas que ultrapassam o normal e pragas transmitidas por cochonilhas. Segundo estudos do Climate Central, o calor extremo aumentou em seis semanas por ano na última década, reduzindo a produtividade das lavouras e elevando os preços do cacau, que atingiram mais de US$ 10 mil por tonelada em 2025, quatro vezes o valor de 2022.

Para reduzir custos, fabricantes substituem manteiga de cacau por ingredientes mais baratos, como gorduras vegetais, além de ajustar a quantidade de açúcar nas receitas. A Hershey, por exemplo, reconheceu que algumas mudanças ocorreram sem impacto direto no consumidor, mas há indícios de ajustes mais sutis.

Economia e inovação: o que as empresas estão fazendo

A Nestlé, que conseguiu economizar mais de US$ 500 milhões em receitas readequadas, revelou que grande parte da economia vem de simplificar processos internos. Por outro lado, empresas como a Cargill têm investido milhões em tecnologias para produzir coberturas e recheios com menos cacau ou substitutos, visando atender às demandas do mercado global frente à escassez de matéria-prima.

Sinais de uma indústria em transformação

Quem acompanha de perto a indústria de doces percebe que as mudanças vão além do sabor: o uso de ingredientes substitutos, embalagens menores e novas formulações de produtos acessíveis são estratégias para manter o mercado em meio à crise climática e à alta dos preços. De acordo com especialistas, muitos consumidores raramente percebem esses truques, enquanto cientistas de alimentos treinados trabalham para que as reformulações fiquem invisíveis ao paladar.

O impacto das mudanças climáticas, combinadas com questões econômicas, deve se consolidar nos próximos anos, tornando a produção de chocolates de alta qualidade cada vez mais diferenciada e custosa. Ainda assim, a demanda por doces continua crescendo, exigindo inovação contínua da indústria.

Para entender melhor essas transformações, leia mais sobre o que o cacau ‘premium’ da Bahia tem para virar o chocolate que encantou a rainha Elizabeth II e o cacau do Rio quer ganhar espaço no mercado premium.

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