A megaoperação realizada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro nos dias 28 e 30 de outubro teve desdobramentos significativos no combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado na região. As mensagens obtidas durante a investigação revelaram as táticas utilizadas pelo Comando Vermelho (CV) para garantir a segurança e o controle sobre seus territórios. O uso de casas alugadas e a organização de plantões foram algumas das estratégias evidenciadas nas comunicações interceptadas.
A comunicação do Comando Vermelho
Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu conversas em um grupo enviado pelo líder da facção, Doca, conhecido como Urso. Um dos integrantes, identificado como Carlos da Costa Neves, também conhecido como Gardenal, enfatizou a importância de manter as casas ocupadas no “cinturão do crime”. Em uma mensagem, ele pediu que os subordinados ficassem atentos a oportunidades de aluguel na região.
A troca de mensagens demonstrou não apenas a busca por imóveis, mas também uma coordenação estrutural da facção. “Quem já soube de casa alugando pelo quadrado aqui já me fala”, escreveu Gardenal, indicando a preocupação com a segurança dos membros da facção. As comunicações serviam para organizar o tráfico de drogas e coordenar atividades ilícitas nas comunidades.
Estratégias de segurança na atuação do CV
As mensagens reveladas pela Polícia Civil mostram que o Comando Vermelho utiliza táticas defensivas para não deixar casas vazias em seu território. Gardenal também destacou a importância de não atrasar durante os horários de almoço, indicando uma estrutura hierárquica no funcionamento do grupo. O relatório da polícia classifica essas estratégias como “inteligentes”, uma vez que visam proteger os interesses da facção e garantir a continuidade de suas operações.
Contenção da expansão do CV
A Operação Contenção, desencadeada no último dia 28 de outubro, mobilizou mais de 2,5 mil policiais civis e militares e teve como objetivo principal conter a expansão territorial do Comando Vermelho. Foram cumpridos aproximadamente 100 mandados de prisão, incluindo o de Gardenal, considerado um dos principais líderes operacionais da facção.
As investigações apontam que Gardenal, além de ser um “gerente geral operacional”, coordena estratégias de combate a facções rivais e a ações contra as forças de segurança do estado. O relatório da polícia descreve-o como um homem de confiança do líder Doca, desempenhando um papel crucial na organização criminosa.
Um cenário alarmante
As cifras apresentadas após a operação marcam um dos piores capítulos da segurança pública no Rio de Janeiro. No último levantamento, o número de mortos subiu para 121, consolidando esta operação como a mais letal da história do estado. Esses dados refletem não apenas a violência presente na luta entre facções criminosas, mas também o impacto direto nas comunidades que vivem sob o domínio do tráfico.
As seguidas operações da Polícia Civil indicam um esforço contínuo para desarticular organizações criminosas e restaurar a ordem nas comunidades afetadas. Contudo, o elevado índice de mortalidade levanta questões sobre a eficácia das estratégias adotadas e a necessidade de um olhar mais amplo para as causas profundas da criminalidade.
Considerações finais
A recente operação contra o Comando Vermelho demonstra a complexidade da luta contra o crime organizado no Brasil. Enquanto as autoridades tentam desmantelar a facção e garantir a segurança da população, as investigações revelam um sistema altamente estruturado e adaptável à repressão. A situação no Rio de Janeiro exige ações efetivas e integradas que vão além da repressão, considerando políticas sociais que possam transformar a realidade nas comunidades mais vulneráveis.
Embora a operação tenha sido um passo importante para a segurança pública, é evidente que o combate ao tráfico de drogas e à criminalidade requer um esforço coletivo e constante, envolvendo a sociedade civil, o Estado e as iniciativas de prevenção.

Leia mais sobre as operações contra o Comando Vermelho


