Na última terça-feira, 28 de outubro, teve início o 12º Seminário de Comunicação da Arquidiocese do Rio de Janeiro. O evento que se estende até a próxima sexta-feira, 31 de outubro, conta com a presença do padre Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé. Em sua palestra, Ruffini apresentou reflexões sobre a garantia da comunicação eficaz num mundo afetado pela desinformação, inteligência artificial e o isolamento digital.
Comunicação: um alimento que nutre ou envenena
Durante sua fala, Ruffini utilizou uma analogia poderosa ao afirmar que “cada informação que divulgamos é como um alimento: pode nutrir ou envenenar”. Ele ressaltou a importância da responsabilidade dos comunicadores no ambiente atual, marcado pela hiperconexão e pela proliferação de notícias falsas. Para ele, os comunicadores têm o poder de escolher reconstruir a confiança nas informações, promovendo um pluralismo respeitoso e colaborativo.
O seminarista trouxe à discussão temas relevantes como os perigos da manipulação algorítmica que, segundo ele, muitas vezes molda a percepção pública de maneira distorcida. O evento tem como temática central “Lançai as redes! (Lc 5,4) – A construção da voz e da presença nas estratégias da assessoria de comunicação e gestão de redes sociais”, refletindo a necessidade de adaptar a comunicação aos novos tempos.
Painel sobre diálogo social
Ruffini participou de uma mesa-redonda sobre Educação, Política, Jornalismo e Saúde, ao lado de personalidades como a médica pneumologista Maragareth Dalcolmo, o jornalista Gerson Camarotti e a educadora Cláudia Sabino. Durante a discussão, foi enfatizada a essencialidade do diálogo social na construção de uma sociedade mais informada e coesa. Para Ruffini, é preciso ouvir as histórias das pessoas, sejam elas positivas ou negativas, possibilitando assim um espaço de reflexão e mudança.
Desafios da desinformação na pandemia
A pandemia da covid-19 serviu como um catalisador para a disseminação de desinformações. Segundo Ruffini, “o que era real se tornou irreal” durante esse período, onde teorias infundadas prosperaram nas redes sociais. Ele apontou que a confiança nas fontes de informação caiu drasticamente, fazendo com que muitos acreditassem em mentiras e descartassem verdades. “Se todos buscam a verdade, mas não confiam, essa é uma grande preocupação”, concluiu.
O impacto da inteligência artificial
Outro ponto abordado foi a influência da inteligência artificial na comunicação. Ruffini alertou que as ferramentas digitais, quando não geridas com cuidado, podem criar um ambiente propício para a disseminação de desinformações. “As regras do jogo impostas pelos algoritmos muitas vezes não são negociadas por nós e, portanto, é fundamental estarmos atentos”, afirmou. Para ele, é inaceitável que, em um período onde temos acesso a tanta informação, ainda haja uma luta constante entre o que é real e o que não é.
Construa pontes, não divisões
Ruffini enfatizou a necessidade de construir pontes, promovendo espaços de escuta e diálogo, onde todos possam expressar suas opiniões. Ele citou o Papa Paulo VI ao afirmar que o pluralismo deve permear a comunicação, ressaltando que respeitar as diversas realidades é fundamental para a convivência harmônica.
Solidão e isolamento digital
Em um momento de sua fala, o prefeito do Dicastério trouxe à tona a solidão exacerbada pela hiperconectividade, onde as relações pessoais se tornaram escassas em virtude da digitalização. “Estamos vivendo uma vida sem contato”, observou, chamando a atenção para a importância das interações humanas. Faltam encontros espontâneos e a habilidade de conviver com a diversidade, resultando em um mundo polarizado.
O papel da Igreja na comunicação moderna
Em meio a esses desafios, Ruffini destacou o papel fundamental da Igreja na formação da opinião pública. Através da promoção do diálogo e da busca por entender o outro, a Igreja pode ser um agente de transformação, reafirmando sua posição como um pilar de esperança e união na sociedade contemporânea.
Um seminário para o futuro da comunicação
Durante os quatro dias de evento, o 12º Seminário de Comunicação também abrange discussões sobre ética na comunicação, a presença cristã nas redes e a evangelização digital. “Mais do que uma simples palestra, este seminário é um espaço plural de escuta e reflexão para responder aos desafios contemporâneos”, afirmou Padre Arnaldo Rodrigues, responsável pela organização do evento.
Por meio de diálogos como o promovido por Paolo Ruffini, espera-se não apenas enfrentar as dificuldades atuais, mas também construir uma comunicação que una e fortaleça as relações humanas, contribuindo para uma sociedade mais justificada, informada e unida.
 
 
 
 

