A recente onda de violência em El Fasher, no Sudão, deixou o mundo em choque após a divulgação de um vídeo aterrador que mostra o paramilitar Abu Lulu, conhecido como o “carniceiro do século”, realizando execuções em massa de civis desarmados. Desde que a cidade caiu sob controle das forças paramilitares, estima-se que mais de 2.000 pessoas foram brutalmente assassinadas em um massacre que durou 48 horas, provocando condenação internacional e preocupações sobre crimes de guerra e genocídio.
A brutalidade das execuções em massa
O vídeo horripilante, que circula nas redes sociais, apresenta um grupo de homens desarmados sendo mortos a sangue frio. Abu Lulu, cujo nome verdadeiro é Brigadier General Al-Fateh Abdullah Idris, alega ter matado mais de 2.000 pessoas pessoalmente. Em outras imagens, ele é visto sorrindo e zombando de suas vítimas enquanto elas imploram por suas vidas.
A crescente influência de Abu Lulu nas mídias sociais, onde ele exibe sua notoriedade como executor, se reflete em seu grande número de seguidores, o que acentua a percepção de uma cultura de impunidade dentro da Rapid Support Forces (RSF). Essas forças surgiram de décadas de tensões e conflitos, culminando em uma guerra civil que já resultou na morte de cerca de 150.000 pessoas desde abril de 2023.
Contexto do conflito no Sudão
A guerra civil no Sudão tem suas raízes em disputas de poder entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e a RSF. Desde que as hostilidades começaram em abril, as atrocidades foram intensificadas, com o exército sob pressão e o controle das forças paramilitares se expandindo rapidamente. A tomada de El Fasher, a última fortaleza do exército na região de Darfur, é um testemunho da escalada desse conflito brutal.
Com a cidade tomada, muitas testemunhas relatam massacres indiscriminados de civis, incluindo mulheres e crianças, enquanto tentavam escapar do caos. Uma análise das imagens de satélite revelou a dimensão trágica dos eventos, mostrando veículos militares cercados por cadáveres e manchas de sangue visíveis até do espaço.
Condenação internacional e resposta das autoridades
Organizações de direitos humanos e o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, expressaram preocupação ante as violações etnicamente motivadas e os massacres perpetrados pelas forças paramilitares. A RSF, no entanto, alegou que está investigando as ações de seus membros, afirmando que “comitês legais” estão prontos para levar os culpados à Justiça.
Apesar das promessas de investigação, a credibilidade da RSF está em questão, especialmente à luz de alegações de massacres, incluindo o ataque a um hospital em El Fasher onde mais de 460 pessoas foram mortas durante a violação. Médicos e enfermeiros relatam medo extremo enquanto trabalham nas condições impostas pela guerra, e muitos foram sequestrados durante os tumultos.
A situação humanitária em El Fasher
Até o momento, mais de 14 milhões de pessoas foram deslocadas devido ao conflito, e a situação humanitária se agrava a cada dia. Relatos de canibalismo surgiram, com alguns sobreviventes sendo vistos comendo grama devido à fome crescente. Enquanto isso, as populações forçadas a deixar suas casas continuam a enfrentar ameaças de violência ao longo do caminho.
O desespero e a brutalidade em El Fasher levantam questões sobre o futuro da região e do próprio Sudão. A aparente falta de controle sobre as forças paramilitares e a contínua violência ameaçam reverter por completo as esperanças de paz e estabilidade no país.
A comunidade internacional deve agir rapidamente diante dessa crise humanitária em escalada, investigando as atrocidades e pressionando por responsabilidade entre os perpetradores para trazer paz e justiça aos sobreviventes dessa guerra brutal.
 
 
 
 

