Brasil, 31 de outubro de 2025
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Estradas na Amazônia e o impacto no desmatamento

Estudos mostram que melhorar infraestrutura e governança é mais eficiente do que construir novas estradas na preservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Uma pesquisa publicada na revista PLOS Sustainability and Transformation revela que o crescimento da infraestrutura rodoviária na Amazônia não precisa estar ligado ao desmatamento. Estudos realizados na região MAP, na fronteira entre Bolívia, Brasil e Peru, indicam que manter e aprimorar a infraestrutura atual, aliado a uma governança eficiente, favorece o desenvolvimento sustentável das atividades extrativistas de produtos florestais não madeireiros (PFNMs).

Construção de estradas e o efeito no desmatamento na Amazônia

Entre 2010 e 2020, o estudo acompanhou a expansão das estradas, o volume de produção de castanha-do-pará e a cobertura florestal. Os resultados mostraram que, na Bolívia, onde as vias permaneceram estáveis, houve uma mínima perda de floresta (menos de 1%) e uma expressiva elevação na produção de castanha-do-pará e açaí, que cresceu vinte vezes após a instalação de fábricas de processamento na região.

Por outro lado, no Acre, Brasil, a expansão das estradas resultou em uma redução de 13% na cobertura florestal e uma queda significativa na produção de castanha-do-pará. Já em Madre de Dios, no Peru, crescimento de estradas coincidiram com uma diminuição de 9% na floresta e tendência declinante na produção de castanha.

Por que a ampliação de estradas geralmente prejudica o setor florestal?

Entrevistas realizadas com atores locais apontaram que as novas estradas frequentemente facilitam atividades econômicas mais lucrativas, mas destrutivas, como a pecuária e a mineração de ouro. No Peru, por exemplo, o melhor acesso também aumentou as pressões por terras de garimpeiros e fazendeiros, contribuindo para o desmatamento.

Infraestrutura eficiente: o foco para uma economia sustentável na floresta

O estudo destaca que melhorias na infraestrutura de transporte já existente, como manutenção de estradas e investimentos em instalações de processamento de PFNMs, fortalecem a economia local sem incentivar avanços de uma vertente destrutiva. No caso da Bolívia, a governança forte, que proibiu novas estradas na Reserva Manuripi, possibilitou que a economia de PFNMs prosperasse de forma sustentável.

Recomendações para políticas públicas e conservação

Os autores sugerem que os governos priorizem a manutenção e a melhoria das estradas já existentes, além de direcionar recursos para instalações de processamento e armazenamento descentralizado. Essas ações aumentam o valor agregado dos produtos e reduzem o risco de desmatamento incentivado por novas vias.

Para grupos de conservação, apoiar estratégias que fortaleçam a posse de terra e a formação de cooperativas também é fundamental para uma economia florestal sustentável.

Perspectivas futuras

As conclusões do estudo reforçam que o futuro das economias florestais na Amazônia não passa pela ampliação da malha rodoviária, mas por investimentos inteligentes, que trabalhem em harmonia com a floresta e valorizem seus recursos de forma sustentável. A experiência da Bolívia mostra que é possível conciliar desenvolvimento econômico e a preservação ambiental com uma abordagem de governança eficiente e infraestrutura focada na pós-colheita.

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