As contas do setor público consolidado apresentaram um déficit primário de R$ 17,5 bilhões em setembro, informou o Banco Central nesta sexta-feira (31). O resultado revela uma piora em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o déficit foi de R$ 7,3 bilhões, reforçando o desafio fiscal do Brasil neste ano.
Desempenho das contas públicas em setembro
De acordo com o Banco Central, o resultado negativo de setembro representa o pior para o mês desde 2023, quando foi registrado um rombo de R$ 18,1 bilhões. O saldo negativo foi influenciado pelo governo federal, que apresentou déficit de R$ 15 bilhões, enquanto Estados e municípios tiveram saldo deficitário de R$ 3,5 bilhões. As empresas estatais apresentaram, porém, um superávit de R$ 996 milhões.
Acumulado do ano e metas fiscais
Nos nove primeiros meses de 2025, as contas do governo acumulam um déficit primário de R$ 79,2 bilhões, equivalente a 0,84% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar de ainda estar acima do limite permitido pelo arcabouço fiscal, essa cifra representa uma melhora em relação ao mesmo período de 2024, com saldo negativo de R$ 93,6 bilhões (1,08% do PIB).
Somando os juros da dívida, o déficit nominal do setor público atingiu R$ 102,2 bilhões em setembro, com um montante acumulado de R$ 1,02 trilhão ao longo de 12 meses, ou 8,16% do PIB. Esse número preocupa agências de classificação de risco, pois influencia a percepção sobre a saúde das contas brasileiras e o nível de risco para investidores internacionais.
Dívida pública em ascensão
A dívida do setor público consolidado subiu 0,6 ponto percentual em setembro, atingindo 78,1% do PIB, ou R$ 9,75 trilhões, o maior nível desde novembro de 2021. No acumulado do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a dívida avançou 6,4 pontos percentuais em pouco mais de dois anos e meio, amplamente devido ao aumento dos gastos públicos.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida brasileira pode chegar a mais de 90,5% do PIB em 2025, considerando o conceito internacional, o que coloca o país em patamar semelhante a países da Zona do Euro, mas bem acima de outras nações emergentes.
Desafios fiscais e o futuro das contas públicas
Para conter o crescimento da dívida, o governo adotou em 2023 o arcabouço fiscal, que limita o crescimento das despesas e busca evitar uma escalada ainda maior do endividamento. No entanto, especialistas alertam que, sem cortes de gastos mais severos, essas regras poderão se tornar insustentáveis nos próximos anos, levando a uma elevada expansão da dívida e aumento das taxas de juros.
Pela previsão do mercado, a dívida pública pode atingir 93,3% do PIB até 2034, de acordo com estimativas internas, ou mais de 100%, se considerada a metodologia do FMI. Assim, o Brasil caminha para um cenário de dívida elevada, semelhante ao da Europa, o que pode pressionar ainda mais o teto de gastos e limitar a capacidade de investimentos públicos futuros.
A crise fiscal persistente exige medidas estruturais para equilibrar as contas e garantir a sustentabilidade econômica do país, especialmente em um contexto de alta dívida e crescimento dos juros internacionais.
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