Embora a prioridade seja o fim do tarifão e das sanções econômicas contra cidadãos brasileiros, o governo brasileiro considera inevitável discutir a Venezuela na próxima reunião de alto nível em Washington. A reunião ocorre num momento em que há movimentações militares dos Estados Unidos na região, e o Brasil busca prevenir uma escalada de tensões no sul-americano.
Diplomacia brasileira busca mediação e estabilidade na América do Sul
Na semana passada, durante encontro entre Lula e o presidente Donald Trump na Malásia, a situação venezuelana foi pauta importante. Lula defendeu a manutenção da América do Sul como zona de paz e reafirmou o compromisso do Brasil com uma solução político-diplomática para o conflito na Venezuela. O presidente brasileiro se colocou à disposição como mediador e destacou que o Brasil possui uma posição clara sobre o tema, baseada na busca por estabilidade regional.
Missão brasileira e negociações com os EUA
Uma delegação liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, pelo chanceler Mauro Vieira e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está prevista para viajar aos Estados Unidos, mas ainda sem data definida. O objetivo principal da missão é negociar a eliminação da sobretaxa de 40% imposta pelos americanos, além de encerrar as sanções vigentes, sobretudo aquelas voltadas ao ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Resistência de Washington às críticas brasileiras
Durante conversas informais, o ex-presidente Donald Trump solicitou ao secretário de Estado, Marco Rubio, que comentasse a situação. Pessoas presentes relataram que Rubio reforçou a acusação de Washington contra o regime de Nicolás Maduro, alegando que ele liberta presos para enviá-los aos EUA e permite o tráfico de drogas. A delegação brasileira afirmou reconhecer a preocupação, mas alertou para os riscos de uma intervenção militar na Venezuela, que poderia gerar desestabilização na região.
Brasil faz distinção entre segurança interna e conflito internacional
O governo brasileiro reforça que não há ligação entre o combate ao crime organizado no Brasil e a estratégia dos Estados Unidos na Venezuela. Ressalta a atuação independente do país, citando o centro de combate ao crime transnacional inaugurado em Manaus, que envolve oito países amazônicos. Lula também alertou Trump de que uma intervenção militar na Venezuela poderia afetar países vizinhos como Brasil, Colômbia e territórios europeus próximos, incluindo Aruba, Curaçao e a Guiana Francesa. O receio é de um aumento nas ondas migratórias, já que o Brasil acolheu cerca de 700 mil venezuelanos, principalmente por meio da Operação Acolhida.
Operação militar americana e o cenário interno nos EUA
Apesar de possíveis sinais de uma intervenção na Venezuela, integrantes do governo brasileiro avaliam que o foco interno dos Estados Unidos estaria na política doméstica. Alguns analistas acreditam que, se ocorrer, a ação será de pequena escala, com discurso de combate às drogas para justificar a intervenção e ampliar o apoio interno.
Alertas internacionais do governo brasileiro
Já na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Lula alertou que uma intervenção desastrosa na Venezuela poderia impactar países vizinhos e territórios europeus próximos, como Aruba, Curaçao e a Guiana Francesa. O Brasil teme uma nova onda migratória, dado que já acolheu cerca de 700 mil venezuelanos, muitos deles integrados por meio da Operação Acolhida, uma iniciativa brasileira para lidar com o fluxo migratório.


