Na mais recente ação contra o tráfico no Rio de Janeiro, investigação da Polícia Civil aponta que o traficante Juan Breno Ramos, conhecido como BMW, é responsável por treinar novos integrantes do Comando Vermelho (CV). Os treinos são realizados na região da Pedreira, localizada no alto do Complexo da Penha, um dos pontos mais críticos da violência urbana na cidade. O treinamento foi filmado e as imagens mostram um jovem atirando, sob a supervisão direta de BMW, que é um dos líderes da facção nos complexos da Penha e do Alemão.
A megaoperação e os crimes atribuídos a BMW
A operação, que ocorreu na terça-feira (28), é considerada uma das mais letais da história do Rio de Janeiro. A Polícia Civil havia expedido mandados de prisão para 67 envolvidos, entre eles, BMW, que já está sendo investigado pelo assassinato brutal de três médicos e a tentativa de homicídio de um quarto, em um caso que chocou o estado. As vítimas, confundidas com milicianos, foram mortas enquanto participavam de um congresso de medicina na Barra da Tijuca.
As imagens do treino revelam não apenas a capacidade bélica dos novos recrutas, mas também o vasto alcance de operações que o Comando Vermelho desenvolve nas comunidades. Nos vídeos, BMW orienta os jovens sobre a técnica de tiro enquanto dá as coordenadas necessárias para aprimorar suas habilidades. Este tipo de treinamento se torna um ponto crucial para a perpetuação da facção, que opera em um ambiente marcado pela violência e pela coação.
Punições e torturas em comunidades dominadas pelo tráfico
Além de treinar novos membros, a investigação revelou que os chefes da facção, como BMW, não se limitam apenas à formação militar. Foram descobertos grupos em aplicativos de mensagens onde discutem desde o planejamento de torturas a moradores dos complexos, até a coordenação das atividades de segurança nos pontos de venda de drogas. Essas dinâmicas comprovam o controle extremo que essa organização exerce sobre os residentes e como a violência se torna parte da rotina nas comunidades.
Dentre as práticas mais brutais, punir revoltosos e aqueles que quebram regras sociais estabelecidas pela facção tornou-se algo comum. Por exemplo, mulheres são frequentemente submetidas a humilhações, sendo colocadas em galões de gelo como forma de punição. Além disso, relatos de espancamentos e execuções são rotina entre os membros do CV. Um dos casos mais emblemáticos envolve um homem chamado Aldenir Martins do Monte Junior, que foi arrastado algemado e amordaçado durante sete minutos pelas ruas da comunidade, em uma prática brutal para forçá-lo a delatar rivais.
A resposta da Polícia e o impacto na segurança pública
A operação realizada pela Polícia Civil é um desdobramento das investigações que buscam desarticular a estrutura do Comando Vermelho e restabelecer a ordem nas comunidades. O impacto da megaoperação se faz sentir em toda a cidade do Rio de Janeiro, acentuando a urgência em abordar as raízes do tráfico e da violência que assola a região. Com a pressão sobre os líderes da facção, a expectativa da polícia é que aspectos da dinâmica criminosa possam ser enfraquecidos.
A situação ainda é crítica, e o desafio colocado à sociedade e à força policial é monumental, visto que a circulação armada e as torturas são aspectos que criam um clima de terror nas comunidades. O caso de BMW e as práticas de tortura e treinamento reveladas nas investigações reforçam a necessidade de uma abordagem mais humana e eficaz na luta contra o crime organizado, buscando não apenas a repressão, mas também a reabilitação das áreas afetadas.
As ações da polícia são reconhecedoras, mas a solução para os problemas complexos dos complexos do Alemão e da Penha exige um esforço conjunto entre o governo, a sociedade civil e as comunidades. A busca por uma vida digna e segura para os moradores dessas localidades ainda caminha a passos lentos, mas é imprescindível para que haja esperança de um futuro sem medo e violência.
Os detalhes desta operação e suas consequências continuarão a ser acompanhados por profissionais da segurança pública e pela sociedade, que anseia por um Rio de Janeiro mais seguro.


