Na última quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma decisão histórica ao confirmar o trânsito em julgado da condenação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo. Essa decisão encerra qualquer possibilidade de recurso e autoriza o início da execução da pena de 5 anos e 3 meses de prisão. O caso, que gerou grande repercussão tanto no âmbito jurídico quanto político, agora avança para etapas decisivas.
A origem da condenação
A condenação de Zambelli teve origem em um incidente violento que ocorreu em agosto, quando a deputada foi acusada de perseguir, armada, um homem nas ruas de São Paulo, em um episódio que se deu às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. O caso não só impactou a vida da deputada como levantou discussões sobre a segurança pública e o uso de armamentos por figuras públicas. O momento foi amplamente registrado em vídeo, gerando uma onda de críticas e exigências por responsabilidade de autoridades.
Situação atual da deputada
Atualmente, Carla Zambelli se encontra presa na Itália, aguardando uma decisão sobre o pedido de extradição feito pelo governo brasileiro. Essa prisão no exterior se refere a outro processo, no qual Zambelli foi condenada por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Essa complexa situação jurídica levanta questões sobre a colaboração internacional em casos de delitos cometidos por políticos, além de desafiar a eficiência dos sistemas judiciais em diferentes países.
Consequências políticas da condenação
Com a decisão do STF, há um protocolo constitucional que deve ser seguido: a Câmara dos Deputados será notificada para que inicie o processo de cassação do mandato de Zambelli, conforme prevê a Constituição em casos de condenação penal definitiva. Essa ação pode resultar em mudanças significativas no cenário político do Brasil, especialmente considerando que Zambelli já possui um histórico de envolvimento com questões polêmicas e de grande repercussão.
Segunda condenação no STF
Vale ressaltar que esta não é a primeira condenação de Carla Zambelli no STF. Em maio, a Primeira Turma do Tribunal havia determinado, por unanimidade, que Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto eram culpados pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça. Nesse caso, a pena fixada para Zambelli foi de 10 anos de prisão em regime inicial fechado e multa de dois mil salários-mínimos. Já Delgatti recebeu uma pena de oito anos e três meses, também em regime fechado, e multa equivalente a 480 salários-mínimos.
Próximos passos
A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que o Ministério Público da Itália já se posicionou favoravelmente ao pedido de extradição de Carla Zambelli. A deputada está cautelarmente detida na Itália, por decisão da Corte de Apelação de Roma, que identificou um risco significativo de fuga. A AGU é responsável por conduzir esse processo de extradição, garantindo que decisões da Justiça brasileira sejam respeitadas no exterior.
A situação tem gerado um intenso debate sobre a importância da responsabilização de políticos e a confiança nas instituições brasileiras, que agora enfrentam mais um desafio jurídico. Zambelli, que deixou o Brasil após a decretação de sua prisão preventiva, pode vê-la como uma consequência de suas ações, levantando ainda mais discussões sobre a ética e a legalidade na esfera pública.
Enquanto o futuro dela se define entre as decisões da Justiça italiana e brasileira, o caso de Carla Zambelli continua a ser um tópico relevante nas discussões políticas e sociais do país, refletindo dilemas contemporâneos sobre segurança, política e o papel dos representantes eleitos no Brasil.



