O clamor por paz na República Democrática do Congo (RDC) ressoa com urgência, conforme o arcebispo de Kinshasa, cardeal Fridolin Ambongo Besungu, denuncia as atrocidades e crises humanitárias que afligem sua nação há décadas. Comovido pela dor e pelo sufrágio de seu povo, ele reforça a necessidade de medidas sérias para enfrentar as causas profundas do conflito e restaurar a dignidade dos congolenses.
A situação alarmante no Congo
A população da RDC vive uma realidade incalculável de sofrimento. Em declarações recentes, o cardeal Besungu enfatizou que mais de 120 grupos armados ainda atuam em território congolês, resultado de mais de 30 anos de guerras que geraram milhões de mortes e levaram à destruição de vilarejos. “Estamos enfrentando uma crise humanitária sem precedentes”, alertou, denunciando a indiferença da comunidade internacional diante do saque sistemático dos recursos minerais do país.
“O desarmamento deve começar pelo coração”, disse o arcebispo, reforçando que a crise na RDC é uma questão de humanidade e de valores morais. Ele destacou que o verdadeiro valor do ser humano tem sido eclipsado pela ganância por recursos naturais, como os minerais congolenses, em um contexto onde as vidas humanas parecem ser desprezadas.
Diálogo inter-religioso e necessidade de conversão
Outro ponto levantado por Ambongo é a importância da construção de uma linguagem comum entre líderes religiosos e políticos. Enquanto houve avanço no diálogo entre católicos e protestantes, as novas igrejas evangélicas muitas vezes servem aos interesses políticos. “Quando nos encontramos, não tratamos dos mesmos problemas”, disse ele, enfatizando a necessidade de uma verdadeira conversão de homens de fé antes de contemplar mudanças na política.
Crise humanitária e epidemias
A crise se agrava ainda mais na parte leste do país, onde a presença de grupos armados e a interferência de nações vizinhas intensificaram a tragédia. A população enfrenta escassez de alimentos, água e insumos básicos, e doenças como o ebola e a cólera ressurgem periodicamente. Nas últimas semanas, a RDC está lidando com uma epidemia de cólera que já resultou em 60 mil casos e 1.700 mortes, a pior dos últimos 10 anos, segundo o cardeal Ambongo.
Minerais ensanguentados e interesses externos
O arcebispo de Kinshasa ressaltou a dualidade do conflito congolês, que apresenta dimensões interna e externa, onde as nações vizinhas, como Ruanda, Burundi e Uganda, mantêm seus próprios interesses na exploração dos recursos minerais. “Esse impacto se relaciona ao interesse da comunidade internacional pelos chamados ‘minerais ensanguentados’, que chegam de áreas de conflito e alimentam a violência e a exploração”, explicou.
Além da exploração externa, a injustiça social prevalece no Congo, com uma minoria detendo a riqueza enquanto a maioria da população vive em condições de extrema pobreza. Na capital Kinshasa, cerca de 60% da população está desempregada, e muitos bairros não têm acesso a serviços básicos como água e eletricidade.
O papel da Igreja Católica e apelo à paz
Diante dessa crise, a Igreja Católica se apresenta como uma fonte de esperança. O cardeal Ambongo expressou orgulho pela ação da Igreja em promover iniciativas de paz e convivência harmoniosa na região dos Grandes Lagos. Ele convidou os congolenses a se unirem em um “Pacto social para a paz” que envolva líderes religiosos e organizações civis. “O caminho da paz e da reconciliação é o único que devemos seguir”, afirmou o arcebispo, convocando todos a agir em prol da dignidade e dos direitos humanos no Congo.
Somente com um esforço conjunto e uma transformação profunda dos corações e mentes da liderança política e religiosa será possível vislumbrar um futuro de paz e dignidade para o povo congolês. A esperança renasce na determinação de um povo que clama por reconhecimento e justiça, em busca de um amanhã melhor.
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