A fabricante de medicamentos dinamarquesa Novo Nordisk apresentou uma oferta de cerca de US$ 6,5 bilhões para adquirir a startup americana Metsera, no intuito de ampliar sua participação no segmento de tratamentos para obesidade. A proposta, considerada superior à já acordada com a Pfizer, está sob análise do conselho da companhia americana, segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira (30).
Novo Nordisk aumenta valor da oferta pela Metsera
A proposta da Novo Nordisk estipula um pagamento de US$ 56,50 por ação em dinheiro, com a possibilidade de um acréscimo de até US$ 21,25 por ação — totalizando, assim, até US$ 77,75 por ação — caso metas específicas sejam atingidas. O valor total da aquisição, incluindo pagamentos condicionais, supera em 11% a oferta da Pfizer, que foi de US$ 70 por ação em setembro.
Segundo o comunicado, a oferta inclui pagamento imediato na assinatura do contrato e a emissão de ações preferenciais sem direito a voto, representando metade do capital social da Metsera. Os direitos de valor contingente — relacionados a pagamentos futuros por metas atingidas — seriam concedidos ao fechamento do acordo.
Reação das empresas envolvidas
A Pfizer criticou a tentativa da Novo Nordisk de forçar a aquisição, considerando-a uma ação “irresponsável” e uma forma de abuso de sua posição de mercado. A Pfizer afirmou que a medida busca “suprimir a concorrência e violar a lei”, ao tentar tomar controle de uma startup americana emergente, conforme comunicado oficial.
Por sua vez, a Novo Nordisk, liderada pelo CEO Maziar Mike Doustdar, busca retomar a liderança no segmento de medicamentos para perda de peso, após uma série de reestruturações internas, incluindo demissões e aquisições recentes, como a compra da fabricante de medicamentos para doenças hepáticas Akero Therapeutics por US$ 5 bilhões.
Expansão no mercado de obesidade
Estima-se que o mercado mundial de medicamentos contra obesidade atingirá US$ 100 bilhões até 2030, o que tem incentivado grandes laboratórios a adquirir startups com moléculas promissoras, como a Metsera. A startup desenvolve medicamentos experimentalmente, incluindo uma injeção que pode ser administrada com menor frequência do que os tratamentos atuais.
O medicamento da Metsera pertence à classe dos análogos de amilina de longa duração, uma alternativa potencialmente mais tolerável em comparação aos medicamentos GLP-1 utilizados por empresas como Eli Lilly, que podem causar efeitos colaterais severos, como náusea e vômito. Além disso, a empresa vem investindo em novas opções de tratamento com menor frequência de uso.
Perspectivas futuras e impacto no mercado
A valorização das ações da Metsera, que quase triplicaram em 2025, refletiu o potencial de crescimento do segmento de obesidade. Entretanto, a disputa por controle da startup evidencia as estratégias agressivas das maiores farmacêuticas para manter a liderança em um setor em expansão.
Especialistas avaliam que a movimentação da Novo Nordisk está relacionada à tentativa de reforçar seu portfólio e de recuperar a liderança global no mercado de medicamentos para perda de peso, após um período de alta valorização, seguido por uma queda, com crescimento de rivais como Eli Lilly.
A proposta da Novo Nordisk ainda está em análise, e o desfecho dessa disputa pode afetar significativamente o cenário de mercado de medicamentos contra obesidade nos próximos anos.
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