A absolvição do influenciador Daniel Ferraz traz à tona um dos casos mais intrigantes da criminalidade em São Paulo. Em um cenário marcado por assaltos planejados e investigações complexas, o tribunal decidiu, no último dia 23, pela inocência de Ferraz em relação às acusações de tentativa de furto qualificado e organização criminosa, por falta de provas concretas.
Contexto do Caso
Daniel Ferraz foi apontado como suposto participante de um plano audacioso que visava assaltar o principal cofre do Banco do Brasil, localizado na Chácara Santo Antônio, Zona Sul de São Paulo. Segundo informações da polícia, a quadrilha investiu cerca de R$ 4 milhões na construção de um túnel que poderia levar a um montante estimado em R$ 1 bilhão. Na época, o delegado Fábio Pinheiro Lopes chegou a afirmar que o plano se tornaria “o maior assalto do mundo”.
O túnel foi descoberto em 2 de outubro de 2017, resultando na prisão de 16 indivíduos em uma casa onde as ferramentas para a escavação estavam sendo feitas. Ferraz não foi detido inicialmente, mas a sua prisão foi posteriormente efetivada em 2020, em uma investigação separada relacionada a um roubo em um bairro nobre de São Paulo.
A prisão e as acusações adicionais
Durante a investigação do roubo em Perdizes, a polícia encontrou uma arma em uma casa associada a uma mulher que teria um relacionamento com Ferraz. A ex-namorada afirmou que a arma pertencia ao influenciador, resultando em sua prisão. Contudo, Ferraz foi novamente absolvido por falta de provas que o ligassem diretamente ao crime.
A análise forense e a absolvição
O advogado de Ferraz, Marcos Jesuino Junior, argumentou que a base da acusação era uma luva encontrada na residência de uma das vítimas do roubo. A polícia comparou material genético da luva com uma escova de dentes achada no túnel que levava ao banco, o que gerou um resultado de compatibilidade de 99,9%. No entanto, o juiz responsável pelo caso, Guilherme Eduardo Martins Kellner, destacou que essa evidência era insuficiente para condenar Ferraz, uma vez que não havia uma comparação direta com o DNA do influenciador.
O juiz enfatizou que, embora a coincidência genética fosse alta, ela não poderia ser o único fator determinante em um processo criminal, especialmente sem informações adicionais que pudessem comprovar a propriedade da luva por Ferraz. A decisão abordou ainda a fragilidade dos laudos forenses quando isolados de outras provas.
Repercussão e o futuro de Daniel Ferraz
A decisão de absolver Ferraz é um desfecho interessante para um caso que capturou a atenção do público e da mídia. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) não se manifestou sobre o desfecho, já que esse é um procedimento padrão em situações semelhantes. O influenciador, que acumulou notoriedade durante o processo, agora enfrenta dúvidas sobre sua imagem e reputação, especialmente considerando o peso das acusações que lhe foram feitas.
Com o caso agora encerrado judicialmente, Daniel Ferraz tem a chance de recomeçar sua vida, mas as cicatrizes do passado podem levar tempo para serem curadas. Este episódio ressalta a importância de provas concretas em processos legais e a prudência necessária para formular acusações em casos de crimes complexos. O legado deste incidente será discutido por anos, tanto pelos meios de comunicação quanto pela sociedade, como um lembrete das armadilhas do sistema judicial e suas implicações nos direitos individuais.
O g1 continua acompanhando a história e tentará entrar em contato com o influenciador para ouvir sua versão após a absolvição.



