O temor da mortalidade entre políticos de destaque
De acordo com psicólogos especializados em ansiedade de morte, pensamentos sobre o além costumam surgir na fase mais avançada da vida. “Aos 79 anos, Trump demonstra uma preocupação com seu legado espiritual, muitas vezes avaliada como uma manifestação de ansiedade de morte”, afirma a psicóloga Cynthia Shaw. “Basta pensar nos aniversários e marcos de idade para esses questionamentos virem à tona”, acrescenta ela.
Reconhecendo a ‘pontuação’ celestial de Trump
O líder americano parece abordar a questão do céu como uma espécie de placar, semelhante a um jogo de golfe, na qual realiza boas ações na esperança de garantir seu ingresso eterno. Segundo o terapeuta Gabrielle Ferrara, “ele pensa de forma calculista e performática, procurando somar pontos para o céu através de boas atitudes, como salvar vidas ou fazer o bem na política”.
O paradoxo do próprio discurso de Trump
Embora se considere “ungido por Deus” por alguns apoiadores, Trump admitiu recentemente que não está seguro de merecer entrar na eternidade cristã. “Se eu puder salvar 7 mil pessoas por semana, acho que tenho uma chance, mas não tenho certeza se vou conseguir entrar”, afirmou, em entrevista à Fox News. Essa postura revela uma visão meritocrática, que contrasta com os ensinamentos tradicionais cristãos.
Diferença entre salvação por graça e obras
Especialistas reforçam que a doutrina cristã prega que o céu é um presente de Deus, não uma recompensa por boas ações. “O entendimento correto é que a salvação é dada por graça, por meio da obra de Cristo, e não algo que se ganha com desempenho moral”, explica a teóloga Sobeyda Valle-Ellis. “Muitos acreditam erroneamente que podem conquistar a entrada no céu ao fazer o bem”, ela acrescenta.
Impacto emocional e reflexão sobre a mortalidade
O temor da morte também pode vir após a perda de alguém querido, como relatado pela terapeuta Gabrielle Ferrara. “A morte de pessoas próximas faz com que nos confrontemos com nossa própria finitude e nos questionemos: qual será o meu destino final?”, ela afirma. Assim, o medo de não estar “bom o suficiente” pode intensificar essa preocupação.
O papel das ações e a esperança de redenção
Para alguns, como Trump, a busca por um “score” celestial reflete uma crença errônea de que a moralidade ou as boas ações podem garantir a salvação. “Esse pensamento equivocadamente reforça a ideia de que se pode comprar o céu ou conquistá-lo por esforço próprio, o que não é a doutrina cristã”, explica Valle-Ellis.
Reflexões finais
O entendimento teológico oficial é que o céu é um dom gratuito de Deus, acessível por meio da fé e da graça, não por mérito. Portanto, a insistência em um “score” de boas ações como caminho para o céu representa uma visão distorcida e simplificada do que realmente ensina o cristianismo.
Especialistas alertam que pensamentos de que suas ações o “garantiriam” no céu podem refletir mais uma tentativa de lidar com o medo da mortalidade do que uma compreensão genuína da doutrina cristã.


