O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, um importante registro de personalidades que contribuíram para a defesa e construção do Brasil, ganhou um novo nome em suas páginas: o arcebispo emérito de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara. Reconhecido por seu trabalho na promoção da justiça social e seus esforços em prol dos mais humildes, Dom Helder agora ocupa um lugar digno entre os ícones da história do país, celebrado em uma cerimônia no Panteão da Pátria, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Reconhecimento oficial de Dom Helder
A inclusão de Dom Helder no Livro foi oficializada pela Lei Nº 15.242, sancionada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e publicada no Diário Oficial da União. Essa homenagem é uma forma de reconhecer a vital contribuição do religioso na luta pelos direitos humanos, especialmente durante o período da ditadura militar brasileira, quando ele se destacou como uma voz firme contra a opressão e a injustiça.
Dom Helder, nascido em Fortaleza em 7 de fevereiro de 1909, foi um destacado humanista e poeta. Ele foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que desempenhou um papel crucial na resistência à repressão militar. Seu pastoreio foi marcado por uma dedicação exemplar ao bem-estar dos pobres e marginalizados, refletindo seu compromisso com os ensinamentos do Evangelho.
A trajetória e contribuições de Dom Helder
Conhecido como o “Dom da Paz”, sua influência se estendeu para além das fronteiras de sua arquidiocese. Seu trabalho humanitário e seu ativismo social foram reconhecidos internacionalmente, tendo sido indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Dom Helder lançou, nos anos 1990, a campanha “Ano 2000 Sem Miséria”, uma iniciativa que visava mobilizar esforços para erradicar a miséria no mundo.
Dom Helder também ficou conhecido por sua postura corajosa diante das injustiças. Ele frequentemente denunciava a situação dos marginalizados e clamava por um Brasil mais justo e igualitário. Esses esforços foram fundamentais para que ele se tornasse um símbolo de resistência e esperança para muitos brasileiros.
Rumo à beatificação
Além do reconhecimento através do Livro dos Heróis, Dom Helder também está em processo de beatificação. Em 2014, o então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, solicitou ao Vaticano a abertura do processo de canonização do religioso. Desde então, o Dicastério das Causas dos Santos passou a analisar as contribuições e a vida de Dom Helder, indicando que ele é um dos exemplos de fé e caridade a serem seguidos pela Igreja.
Frei Jociel Gomes, vice-postulador da causa de canonização, ressaltou que a produção da Positio — um documento que reúne os feitos do religioso — é parte fundamental do processo e que ainda não há um prazo definido para a sua conclusão. A expectativa é que a figura de Dom Helder, e seus muitos escritos, sejam analisados em profundidade por historiadores e teólogos.
Participação dos fiéis na beatificação
É essencial que os fiéis participem ativamente desse processo, não apenas por meio das orações pedindo a intercessão de Dom Helder, mas também relatando possíveis graças alcançadas por sua intercessão à Arquidiocese de Olinda e Recife. Casos de milagres podem acelerar o processo de beatificação e trazer mais visibilidade à sua causa.
A Arquidiocese também criou uma conta específica para arrecadar fundos que ajudem a cobrir as despesas do processo de canonização, incluindo documentação e viagens necessárias para os trâmites. Essa colaboração da comunidade é vista como vital para reconhecer formalmente o legado de Dom Helder na história do Brasil.
Oração pela beatificação
Além de apoiar financeiramente o processo, os devotos de Dom Helder também são convidados a rezar por sua beatificação. Diversas orações foram escritas, enfatizando sua vida dedicada à paz, justiça e aos necessitados.
Dom Helder Câmara não é apenas uma figura histórica; ele representa um símbolo de esperança e resistência. Sua inclusão no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria é uma justa homenagem a um homem que dedicou sua vida a lutar pelo bem comum e pela dignidade humana. Seu legado continua vivo na memória coletiva do Brasil e na busca por uma sociedade mais justa.
Com essa homenagem, espera-se que as novas gerações reconheçam e se inspirem em sua trajetória, continuando a luta pelos direitos e pela justiça social.
