O Jubileu do Mundo Educativo, realizado no Auditorium da Via della Conciliazione, em Roma, promoveu um congresso que apresentou uma ampla gama de palestras e discussões sobre os desafios enfrentados por instituições educacionais. O evento, que celebrou o 60º aniversário da declaração conciliar Gravissimum Educationis, foi encerrado com um debate impactante com o ganhador do Prêmio Nobel, Jon Fosse.
Constelações educativas: um pacto com o futuro
O cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, abriu o evento destacando a importância do conceito de “constelação” na educação católica, que compreende uma rede diversificada de instituições, incluindo escolas, universidades e plataformas digitais. O Papa Leão XIV enfatiza que, apesar da diversidade, “cada ‘estrela’ tem seu brilho, mas juntas elas traçam uma rota”. Essa visão propõe que a unidade nas instituições educacionais é fundamental para um futuro promissor.
A educação como o novo nome da paz
Durante suas intervenções, líderes educacionais refletiram sobre o papel crucial da educação em tempos de polarização e conflito. O cardeal Mendonça descreveu os participantes do congresso como “semeadores do futuro”, comprometidos com a reconstrução da confiança em sociedades dilaceradas. Ele ressaltou que “educação é o novo nome da paz”, abordando questões como desigualdade social e o impacto da tecnologia, como a inteligência artificial, no cenário educacional.
Educação universal: uma prioridade global
António Guterres, secretário-geral da ONU, enviou uma mensagem enfatizando a importância da educação ao longo da vida como uma prioridade global, sendo crucial para a construção de sociedades justas. Ele salientou que a educação deve ser vista como um direito universal, envolvendo a mobilização de diversos atores da sociedade para garantir acesso e qualidade. A gratificante missão de educar é também encarada como um ato de cuidado com o meio ambiente e a humanidade.
A dimensão da educação católica no mundo
Ao discutir a educação católica, o professor Antonello Maruotti apresentou dados impressionantes: cerca de 71,9 milhões de estudantes estão matriculados em 231.568 instituições educacionais católicas ao redor do mundo. A África se destaca com 30,8 milhões de alunos, mostrando onde a Igreja é mais necessária. Esse panorama aponta para a importância das escolas católicas em promover inclusão, especialmente nas periferias urbanas da Europa.
A relevância do direito à educação
Num segundo momento do evento, moderado pelo arcebispo Carlo Maria Polvani, a discussão girou em torno do direito universal à educação. O teólogo Francesc Torralba ressaltou que educar significa descobrir e desenvolver o potencial latente em cada indivíduo. A qualidade da educação também foi discutida, com o padre Arturo Sosa reafirmando que a evangelização e a educação são indissociáveis nessa luta pelo acesso a um ensino de qualidade.
Desafios contemporâneos para a educação
À medida que o mundo da educação evolui, novos desafios surgem, especialmente em um contexto de rápidas transformações sociais e tecnológicas. Luciano Floridi, filósofo especializado em ética digital, enfatizou a importância de equipar estudantes com ferramentas para navegar em um mundo complexo, onde é fundamental dominar diversas linguagens e habilidades.
Projetos inovadores para o futuro da educação
O congresso também apresentou novos projetos do Dicastério para a Cultura e a Educação, incluindo o “Observatório sobre as Desigualdades Globais no Acesso à Educação”. Este projeto visa compreender as barreiras que muitas pessoas enfrentam para acessar a educação. Além disso, iniciativas de arte e cultura foram discutidas, proporcionando um diálogo criativo sobre como a Igreja pode melhor interagir com as linguagens visuais contemporâneas.
Com a participação de diversos especialistas, o congresso se comprometeu a abordar as dificuldades atuais e a repensar a educação como um caminho para um futuro mais justo e humano. O evento culminou em momentos de reflexão e celebração, incluindo uma apresentação do coro do Pontifício Instituto de Música Sacra e um diálogo com Jon Fosse, que incentivou os participantes a continuar a busca por novos caminhos na educação.
O Jubileu do Mundo Educativo, portanto, não só celebra conquistas passadas, mas, principalmente, traça diretrizes para um compromisso contínuo com a educação, a paz e a inclusão social em um mundo cada vez mais desafiador.



