Uma operação policial que resultou na morte de pelo menos 121 pessoas no Rio de Janeiro anteontem, a mais letal da história do país, desencadeou uma série de reações políticas que podem moldar o cenário eleitoral para 2026. Com esse trágico evento, a direita policial se reorganiza, buscando capitalizar apoio popular em meio à crise de segurança no estado.
O impacto da operação nas redes sociais
A operação foi marcada por alta letalidade e se transformou em um campo de batalha nas redes sociais. Governadores cotados para a Presidência, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União), mostraram apoio à operação e foram proativos em criticar o governo federal. Este movimento contrasta com a postura anterior da direita, que demonstrou insegurança após um encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder dos EUA, Donald Trump, interpretado como um revés para Jair Bolsonaro.
Dados do Instituto Democracia em Xeque revelaram que, entre os dias da operação, perfis de direita geraram impressionantes 57 milhões de interações nas redes sociais, superando em mais de três vezes os 17 milhões alcançados por perfis da esquerda. Além disso, a direita também dominou o volume de postagens, com 872 publicações contra 438 da esquerda.
Retórica conservadora ganha força
Essa megaoperação levou muitos políticos conservadores a intensificarem sua presença online. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) destacou a operação como “a maior faxina” da história do Rio, e sua publicação rendeu 17 milhões de visualizações até o final do dia seguinte ao evento.
Além de criticar o governo federal, a direita começou a atribuir à esquerda a defesa das facções criminosas. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ressaltou uma declaração de Lula, que afirmou, durante uma viagem à Ásia, que traficantes eram “vítimas dos usuários”, reafirmando a ideia de que as facções são grupos terroristas.
A união de governadores de direita
A megaoperação também trouxe à luz uma nova unidade entre os governadores de direita. Estes, buscando se credenciar para a corrida presidencial, expressaram solidariedade ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que se viu em confronto ideológico com o governo federal. A união foi evidenciada em uma reunião onde governadores como Zema e Caiado apoiaram publicamente Castro, apesar de críticas aos seus pedidos de ajuda ao governo federal durante a operação.
O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), sugeriu que o estado poderia contribuir com efetivo policial para o suporte no Rio, uma proposta que surge em resposta à inação percebida do governo Lula diante da crise de segurança no estado.
Críticas ao governo Lula
Aliados de Lula não perderam tempo em criticar a movimentação dos governadores de direita, lembrando suas anteriores oposições à proposta de PEC de Segurança apresentada pelo Ministério da Justiça. Lindbergh Farias (PT-RJ) questionou Castro sobre sua oposição à PEC, enquanto a ministra Gleisi Hoffmann reforçou que os eventos violentos no Rio sublinham a urgência da proposta no Congresso.
Nas redes sociais, a análise da situação atual revela um ambiente de polarização acentuada. A direita, utilizando a operação como uma plataforma para criticar o governo federal por falhas no combate ao crime, conseguiu manter uma narrativa de forte resiliência e apoio popular.
Perspectivas futuras
O governador Castro expressou otimismo sobre as colaborações entre os estados, afirmando que este seria o início de um novo momento para a luta contra a criminalidade no Rio. Com a intensificação do debate político e o papel proeminente que a megaoperação assumiu nas narrativas da direita, os desdobramentos posteriores serão cruciais para as articulações políticas à frente das eleições de 2026.
À medida que o cenário se desenvolve, a forma como os líderes políticos e suas bases respondem continuará a moldar a retórica pública e a mobilização social nas redes, garantindo que a questão da segurança urbana permaneça na vanguarda do debate nacional.



