Nos próximos dias, os dez integrantes da cúpula do Comando Vermelho (CV), que tiveram papel crucial na formação de barricadas e interdições em várias ruas do Rio de Janeiro, estão prestes a ser transferidos para presídios federais. A decisão vem após ações repressivas implementadas pelas autoridades locais, em resposta à insurgência da facção durante uma grande operação na última terça-feira. De acordo com informações do governo estadual, os pedidos para as transferências já foram realizados e aguardam a aprovação da Vara de Execuções Penais do Rio, um processo que se espera concretize-se ainda nesta quarta-feira (29).
A megaoperação e seus desdobramentos
A recente operação policial, que contou com a mobilização de 2,5 mil policiais e promotores do Gaeco, visou desmantelar a estrutura de comando do Comando Vermelho, particularmente nos complexos do Alemão e da Penha. Nas fotos divulgadas, é possível ver os membros da facção autodenominados de “comissão” na galeria B7 de Bangu 3, onde permaneceram mesmo após o anúncio da transferência. Em destaque, Marco Antonio Pereira Firmino, conhecido como My Thor, é um dos principais líderes do grupo e está preso há quase 20 anos, depois de duas condenações anteriores.
A importância de My Thor no CV
Considerado uma peça fundamental na hierarquia do Comando Vermelho, My Thor foi alvo de operações anteriores que tentaram desarticular o tráfico de drogas durante seu encarceramento. Recentemente, ele foi implicado em um esquema de tráfico entre São Paulo e o Rio de Janeiro, onde dez celulares foram apreendidos dentro de sua cela, indicando que mesmo dentro da prisão sua influência era mantida.
Enquanto isso, a polícia fluminense rastreou que as ordens para as barricadas, utilizadas para interromper o tráfego em várias áreas do Rio, estavam vindo diretamente de Bangu 3, mostrando a continuidade do controle do CV, mesmo sob custódia.
O que se espera com a transferência
A transferência dos membros do CV para presídios federais é uma estratégia do governo para reforçar o isolamento desses líderes, evitando que continuem a liderar as operações criminosas do exterior das prisões. Os planos indicam que My Thor e outros líderes, como Alexandre de Jesus Carlos, conhecido como Choque, sejam distribuídos em diferentes unidades prisionais, uma medida considerada crucial para desarticular a organização.
Quem está sendo transferido?
Além de My Thor e Choque, outros membros de alta relevância no Comando Vermelho estão na lista de transferência, incluindo Wagner Teixeira Carlos, conhecido como Waguinho de Cabo Frio; Rian Maurício Tavares Mota, o Da Marinha, que é indicado como operador de drones da facção; e Roberto de Souza Brito, conhecido como Irmão Metralha. A intenção é que essa separação diminua a capacidade da facção de coordenar ações de dentro da prisão.
Os advogados desses detentos, ao longo dos anos, tentaram argumentar sobre a possibilidade de progressão de pena, mas tais pedidos foram negados pela Justiça, que, com base em relatos da polícia civil, confirmou que mesmo por trás das grades continuavam a dirigir operações ilícitas.
As consequências da operação
A operação não apenas visou a prisão de líderes, mas também resultou na captura de 81 suspeitos e na apreensão de 42 fuzis. Contudo, seu custo foi alto; pelo menos quatro pessoas perderam a vida durante as ações, incluindo dois policiais civis, o que gerou uma onda de atenção e debate sobre a segurança pública e a eficácia das operações contra o crime organizado no Rio de Janeiro.
Além disso, a resposta imediata da população foi de preocupação e alarme, levando ao fechamento de instituições educacionais na região, já que 45 unidades escolares suspenderam as atividades temporariamente, aumentando a sensação de insegurança na cidade.
À medida que o governo e as autoridades de segurança trabalham para controlar a situação, a transferência dos líderes do Comando Vermelho para presídios federais é vista como uma medida necessária, embora desafiadora, no combate ao crime organizado que assola o Rio de Janeiro.
Com esse movimento, o governo fluminense espera não só reduzir a influência da facção nas ruas, mas também enviar uma mensagem de que a lei irá prevalecer diante do crime organizado.



