O Partido dos Trabalhadores (PT) de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, está avaliando a possível desfiliação da militante e influenciadora Aline Bardy Dutra, popularmente conhecida nas redes sociais como “Esquerdogata”. Filiada ao partido desde 2020, Aline foi presa na madrugada do último sábado (25) após desacatar policiais militares durante uma abordagem de trânsito, utilizando falas racistas em sua defesa.
Repercussões da prisão
O presidente municipal do PT em Ribeirão Preto, Edson Fedelino, afirmou em entrevista ao jornal O GLOBO que o partido não concorda com as atitudes de Aline e que a situação será discutida na próxima reunião mensal da célula local, agendada para o dia 4 de novembro. “Não compactuamos com nenhum de seus atos”, enfatizou Fedelino, ressaltando que a desfiliação não será decidida de forma apressada, dado que o processo implica em diversas etapas.
Ele também destacou que, mesmo com a repercussão do caso, a discussão sobre a desfiliação não é uma prioridade imediata para a legenda. “Não vamos tomar atitude apenas com base no que foi divulgado na imprensa, todos os filiados têm direito à defesa”, esclareceu. Aline, por sua vez, está respaldada por sua defesa jurídica que afirmou não ter conhecimento de qualquer movimento formal do PT em direção à sua expulsão. A defesa também se mostrou pronta para agir caso o partido decida seguir esse caminho.
Quem é a ‘Esquerdogata’?
Aline Bardy Dutra, de 45 anos, acumula cerca de 880 mil seguidores em seu perfil do Instagram e se autodenomina “comunicadora popular”. Em sua plataforma, ela compartilha conteúdos que abordam política, cultura e direitos humanos de uma maneira que mistura humor e ativismo. Recentemente, ela comentou uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o uso de drogas, visando um debate mais profundo sobre o assunto.
Durante seus vídeos, Aline tem gerado polêmica, como quando gravou uma série em frente à casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, onde usava a camisa da Seleção Brasileira. Nessas gravações, ela insinuou orações e expressou desejos controversos que a tornaram alvo de críticas e interpretações diversas. A influenciadora utiliza sua plataforma para discutir questões complexas de forma provocadora, afirmando que seu objetivo não é apenas entretenimento, mas consciência coletiva.
Circunstâncias que levaram à prisão
A situação que culminou na prisão de Aline ocorreu em uma abordagem policial em que foram observadas manifestações de hostilidade para com os agentes. Durante a detenção, a influenciadora aparentava estar embriagada e fez comentários depreciativos sobre os policiais, que resultaram em acusações de desacato, resistência e preconceito racial. Ela foi solta após audiência de custódia, mas deverá cumprir medidas cautelares, como restrições de horários e locais que pode frequentar.
O caso gerou discussões não apenas sobre a conduta de Aline, mas também sobre a abordagem policial e os direitos civis. A defesa de Aline declarou que ainda não teve acesso ao vídeo completo da ocorrência, o que impede uma completa compreensão dos fatos denunciados. Os advogados da influenciadora enfatizaram que ela não se exime da responsabilidade de pedir desculpas a quem ofendeu e que seu comportamento foi afetado por uma combinação de álcool, medicamentos e a pressão do momento.
Além disso, os advogados ressaltaram que Aline já havia enfrentado questões legais anteriormente, sendo condenada por desacato em outra ocasião. Essa história de conflitos com a lei pode influenciar diretamente sua trajetória dentro do partido, levando a um debate mais amplo sobre a postura do PT e as suas diretrizes em relação a seus filiados.
A situação de Aline Bardy Dutra continua a gerar polêmica e destaca a complexidade das relações entre influenciadores, política e a sociedade. À medida que o PT discute seu futuro, a influenciadora aguarda o desenrolar das investigações e possíveis repercussões em sua carreira.
