Dados do Ministério do Desenvolvimento Social antecipados ao GLOBO apontam que, até o momento, mais de 2 milhões de domicílios deixaram o Bolsa Família em 2025. Em outubro, o programa atendeu 18,9 milhões de famílias, atingindo o menor patamar desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O número inclui beneficiários do antigo Auxílio Brasil, que foi substituído pelo programa oficial de transferência de renda na última gestão federal.
Redução de beneficiários e motivos
Das 2.069.776 de famílias que saíram do programa neste ano, a maior parte (1.318.214) deixou por aumento na renda familiar, enquanto 726.799 famílias encerraram a participação por terem superado o limite estabelecido nas regras de proteção. Outras 24.763 optaram por desligar-se voluntariamente. Segundo o Ministério, essa redução reflete o crescimento da renda das famílias beneficiadas e a intensificação de políticas de inclusão produtiva.
Critérios e impacto social
O programa atende famílias com renda per capita de até R$ 218. Quando a renda do domicílio fica entre R$ 218 e R$ 706, as famílias podem receber metade do benefício por mais um ano, após o período regular de permanência. Essas mudanças visam focar nas famílias mais vulneráveis, promovendo transições mais leves do benefício para a autonomia financeira.
Histórias de superação
Carla Pereira de Barros, de 39 anos, é um exemplo de mobilidade social impulsionada pelo programa. Ela deixou o Bolsa Família após conquistar seu primeiro emprego como professora em Nossa Senhora do Socorro, no Sergipe. Carla, que começou a receber o benefício em 2010 em meio à vulnerabilidade social, conseguiu concluir a graduação em pedagogia e agora cursa Letras-Libras. Ela afirma que, graças às oportunidades conquistadas, hoje tem esperança de montar uma confeitaria.
Perspectivas e justificativas
Segundo o ministro Wellington Dias, o Bolsa Família tem desempenhado um papel fundamental na melhora da vida das populações mais pobres, de forma segura e sustentável. Para ele, a saída do benefício ocorre quando a família consegue conquistar uma renda maior por meio do trabalho ou do empreendedorismo. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicam que 58% do saldo de empregos do primeiro semestre de 2025 foi preenchido por beneficiários do programa.
Além disso, uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e do Sebrae revela que 55% dos microempreendedores individuais inscritos no Cadastro Único iniciaram suas atividades após a inscrição no sistema, o que corresponde a 2,5 milhões de pessoas de um total de 4,6 milhões.
Orçamento e reajustes
O orçamento do Bolsa Família em 2025 é de R$ 159,5 bilhões, uma redução de cerca de R$ 10 bilhões em relação a 2024. Até agora, foram empenhados R$ 134,4 bilhões. Para 2026, a previsão de verba é de R$ 158,6 bilhões, com ajustes planejados para aprimorar a focalização e eficiência do programa.
Essas mudanças ocorrem em um momento de avanço na inserção das famílias no mercado de trabalho e de dificuldades fiscais do governo, que busca equilibrar a proteção social com a sustentabilidade financeira do programa.
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