A OpenAI, criadora do ChatGPT, deu um passo importante ao reestruturar sua organização, adotando um modelo com fins lucrativos semelhante ao de concorrentes como a Anthropic e a xAI, de Elon Musk. A mudança ocorreu após um ano de negociações e visa consolidar a empresa na tentativa de sustentar o crescimento acentuado no setor de inteligência artificial.
Reestruturação e impacto na parceria com a Microsoft
Como parte do movimento, a OpenAI revisou seu acordo com a Microsoft, que já havia investido US$ 13,75 bilhões na startup. Na nova configuração, a fatia da gigante de tecnologia na OpenAI caiu de 32,5% para 27%, embora seu valor de participação tenha atingido US$ 135 bilhões. Segundo especialistas, a parceria permanece forte e a Microsoft continua sendo um dos principais apoiadores do setor de IA.
Preocupações com uma possível bolha tecnológica
Esse movimento acontece em meio a preocupações de que o estouro de uma bolha de investimentos em inteligência artificial esteja próximo. Investidores, como o Bank of America, apontaram que 54% dos gestores de fundos consideram as ações de IA supervalorizadas, refletindo uma euforia que pode acabar em correções bruscas no mercado.
Paralelo com a bolha das pontocom e riscos atuais
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, comparou o otimismo atual com o período pré-estouro da bolha das pontocom, há 25 anos, alertando que uma correção abrupta poderia frear o crescimento global. Estudos do MIT indicaram que 95% dos investimentos em IA não geram retorno, reforçando a dúvida sobre a rentabilidade desse boom.
Investimentos e dependências no setor de IA
Gigantes como Nvidia, Oracle, Microsoft e Amazon têm impulsionado a expansão do setor com investimentos bilionários. A Nvidia, por exemplo, anunciou até US$ 100 bilhões em investimentos na OpenAI, enquanto a Oracle firmou contrato de US$ 300 bilhões para fornecimento de serviços de nuvem. Esse ambiente de alta tem gerado uma teia de laços comerciais complexos e dependentes, alimentando discussões sobre a sustentabilidade do mercado.
Investimentos e possíveis saturações
Entretanto, há análises que apontam para um excesso de entusiasmo, semelhante à bolha das pontocom dos anos 2000. Destacam que grande parte das aplicações atuais são realizadas sem modelo de negócio definido e com bases questionáveis, embora grandes empresas como Google, Amazon e Meta tenham geração de caixa sólida para sustentar seus investimentos em IA.
Avaliando os riscos de uma bolha de IA
Líderes do setor, como o CEO da Nvidia, tentam dissipar os temores de bolha, ressaltando que o crescimento atual pode se assemelhar a um superciclo de investimentos, similar às fases de evolução das redes 3G, 4G e 5G. Ainda assim, especialistas alertam para os riscos de uma correção severa que possa impactar o mercado acionário nos EUA e, consequentemente, em outras economias.
A influência do ecossistema de IA e o papel das grandes empresas
- Importantes players como Nvidia, Microsoft, Oracle e empresas emergentes investem bilhões em chips e infraestrutura para expandir o universo da IA, cujo valor de mercado global está avaliado em US$ 4,7 trilhões.
- As principais fornecedoras de hardware, como Nvidia e AMD, firmaram contratos multimilionários com as gigantes de tecnologia, alimentando uma cadeia de dependência e inovação contínua.
- Startups de IA também se beneficiam desse ciclo de investimentos, contribuindo para a expansão do setor e o desenvolvimento de soluções cada vez mais avançadas.
Perspectivas e desafios futuros
Embora existam riscos de uma bolha, o mercado de IA continua a atrair investimentos de grande escala, impulsionado por fundamentos sólidos de empresas como Google, Amazon e Meta, que possuem lucro e fluxo de caixa expressivos. Ainda assim, há a preocupação de que um ajuste brusco possa gerar perdas significativas e desacelerar o avanço tecnológico.
Segundo especialistas, o cenário atual se distancia do precedente da bolha das pontocom, pois os investimentos são majoritariamente realizados por empresas com receitas e modelos de negócio definidos. O desafio será transformar esses investimentos bilionários em lucros concretos e sustentáveis no longo prazo.
Fonte: O Globo


