Grupos de caridade católicos que oferecem alimentos a famílias carentes nos Estados Unidos manifestaram preocupação com a possível interrupção dos programas de assistência alimentar federais, caso o governo permaneça fechado. A paralisação, que completa o dia 29 nesta quarta-feira (29), ameaça os benefícios do suplemento alimentar (SNAP) a milhões de americanos que dependem desse auxílio.
Impacto do shutdown no SNAP e na ajuda alimentar
Se não houver um acordo até o final desta semana, cerca de 42 milhões de pessoas que recebem auxílio pelo SNAP podem perder seus benefícios a partir de 1º de novembro. A situação só será resolvida se o Congresso aprovar um projeto de lei específico para financiar o programa ou uma legislação que garanta o orçamento total do governo.
Kevin Sartorius, diretor-executivo da Catholic Charities do Sudeste de Oklahoma, destacou que, em ocasiões anteriores, o SNAP não foi afetado por shutdowns, mas atualmente a situação é diferente. “A maioria dos beneficiários trabalha, mas seu rendimento não é suficiente para suprir suas necessidades. O SNAP é uma segunda fonte, e, na nossa região, chega a ser a terceira,” explicou Sartorius.
Ele revelou que o impacto já está sendo sentido: em Tulsa, o número de famílias atendidas pela Catholic Charities aumentou de 175 para quase 300 nas últimas semanas, em decorrência do temor de perder o auxílio. “Se o SNAP for suspenso, uma quantidade enorme de recursos desaparece de um dia para o outro do orçamento dessas famílias,” afirmou.
Preocupação das organizações de ajuda
Rose Bak, diretora-presidente da Catholic Charities de Oregon, também relatou preocupação com a situação, principalmente pelos possíveis mal-entendidos dos beneficiários sobre as mudanças no SNAP aprovadas pelo Congresso. Ela explicou que muitos recebedores, incluindo moradores de habitações acessíveis ou ex-sem-teto, estão confusos e temem uma interrupção sem aviso prévio.
Bak ressaltou que a maior parte dos beneficiários são adultos que trabalham, crianças ou idosos, e que diversos deles não têm outras alternativas de financiamento. A organização dela já mantém um estoque de alimentos para emergências, mas avisou que, se o governo continuar fechado por mais tempo, não poderá suprir a demanda.
Vozes de preocupação especial
John Berry, presidente da Sociedade de São Vincent de Paul dos EUA, também manifestou preocupação. Em comunicado, Berry afirmou que não compete às ONGs tomar partido nas disputas políticas, mas é seu dever defender os mais vulneráveis.
“Nossos irmãos e irmãs mais pobres não devem passar fome por causa de um impasse partidário. É hora de que ambos os lados no Congresso se unam para garantir que os benefícios essenciais não sejam interrompidos de forma abrupta,” declarou Berry. Ele pediu ao Departamento de Agricultura que utilize todos os mecanismos disponíveis, inclusive reservas de contingência, para assegurar o acesso à comida em novembro.
Perspectivas e esperança de diálogo
As organizações destacaram a esperança de que o impasse possa ser resolvido rapidamente. “Acreditamos que todos concordariam que ninguém deveria passar fome. Nosso objetivo é apenas cuidar das pessoas que buscam ajuda hoje,” concluiu Bak.
Especialistas e líderes de ONGs continuam aguardando uma solução política que permita restabelecer rapidamente o auxílio alimentar e evitar uma crise humanitária de proporções significativas nos Estados Unidos.



