Brasil, 29 de outubro de 2025
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Governo Lula acelera pagamento de emendas após pressões do Congresso

Após intensas cobranças, governo inicia liberação de emendas de comissão, vital para atender demandas de parlamentares.

Após semanas de cobranças junto ao Congresso, o governo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a acelerar os pagamentos das emendas de comissão, que estavam travadas e geravam descontentamento entre os parlamentares. Dados recentes do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop) revelam que o montante pago aumentou de R$ 391 milhões na sexta-feira para R$ 1,013 bilhão nesta segunda-feira, representando uma alta impressionante de 159% em apenas três dias.

A pressão do Congresso

O aumento nos repasses das emendas veio em um momento de crescente insatisfação no Legislativo. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), entregou pessoalmente as queixas sobre o atraso na execução das emendas ao presidente Lula e solicitou um cronograma claro para as liberações. Essa demanda ocorre num contexto em que a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 já havia sido adiada, e o governo busca diminuir o desgaste político.

A relação entre o governo e o Legislativo

A avaliação entre os congressistas é que o Palácio do Planalto, ao responder rapidamente às críticas, está tentando neutralizar a resistência e facilitar a votação da LDO. O atraso na execução das emendas está diretamente relacionado às dificuldades fiscais que a administração enfrenta, em meio a uma crise de arrecadação.

O governo vinha buscando restaurar o equilíbrio fiscal após o fracasso em ampliar a taxação sobre apostas e aplicações financeiras, que gerou uma perda estimada de R$ 35 bilhões no caixa de 2026. Essa situação levou a gestão Lula a solicitar um tempo extra para ajustar a LDO e discutir novos cortes de despesas.

Recomposição orçamentária e coordenação política

Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, indicou que parte da recomposição do orçamento virá por meio de um corte de R$ 20 bilhões em despesas. O governo ainda enfrenta críticas sobre a coordenação entre a equipe econômica e a articulação política. O deputado Elmar Nascimento (União-BA) destacou que os atrasos nos pagamentos eram esperados devido ao cronograma tardio do Orçamento, mas ressalta que poderiam ter sido evitados.

Entre as emendas parlamentares de 2025, um total de R$ 50,3 bilhões foi proposto, dos quais R$ 30,7 bilhões já foram empenhados, representando 61%, enquanto R$ 18,1 bilhões foram pagos, ou seja, apenas 36%. As emendas individuais obtiveram a maior parte da liberação, com 59%, enquanto as emendas de comissão apenas 9%, aumentando a pressão sobre o governo para garantir a execução dessas verbas.

Desgaste político e expectativas futuras

Alguns parlamentares ainda veem a possibilidade de mudar a maré negativa de desconfiança com o Planalto, desde que ações mais eficazes sejam tomadas em relação à agenda fiscal. Para o deputado Otto Alencar Filho (PSD-BA), a solução para o cenário atual depende da aprovação de medidas que aumentem a arrecadação.

Deputados da base aliada tentam minimizar as críticas ao governo, argumentando que o próprio Congresso também contribuiu para o trâmite complicado ao votar o Orçamento de 2025 com atraso. Lindbergh Farias (PT-RJ) considerou injustas as cobranças ao governo, lembrando que as emendas de comissão foram enviadas apenas no segundo semestre deste ano.

A preocupação com o Orçamento de 2026

A lentidão nos pagamentos aumentou a preocupação na Comissão Mista de Orçamento (CMO), com o presidente Efraim Filho (União-PB) alertando que o cronograma pode inviabilizar a aprovação do Orçamento de 2026. O exato cumprimento desse cronograma é vital para evitar um cenário de insegurança jurídica que possa inibir investimentos no país.

Por enquanto, a proposta do relator da LDO, deputado Gervásio Maia (PSB-PB), que sugere a obrigatoriedade do pagamento das verbas destinadas à saúde e assistência social até três meses antes das eleições, adiciona mais pressão sobre o governo.

Enquanto isso, o governo federal necessitará demonstrar eficiência e coordenação para evitar que a insatisfação do Legislativo se transforme em um obstáculo maior no futuro, especialmente considerando os problemas enfrentados na execução das emendas que são cruciais para os redutos eleitorais e o financiamento de projetos municipais.

Orçamento em disputa — Foto: Editoria de arte

Orçamento em disputa — Foto: Editoria de arte
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