O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (29) a segunda redução de juros do ano, cortando a taxa em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 3,75% e 4%. A decisão reforça o ciclo de flexibilização monetária esperado por investidores e analistas, indicando uma possível nova redução na reunião de dezembro.
Decisão do Fed e seu comunicado
De acordo com o comunicado após a reunião, os formuladores de política monetária do Fed destacaram que “os ganhos de emprego diminuíram” e que “os riscos para o emprego aumentaram nos últimos meses”. O texto também afirmou que o crescimento econômico é “moderado” e que a inflação, embora ainda acima da meta, vem permanecendo em níveis ligeiramente elevados desde o início do ano.
Segundo a plataforma FedWatch, que analisa a probabilidade de cortes na taxa por meio de contratos negociados no mercado financeiro, havia uma chance de 98% de uma nova redução na próxima reunião, prevista para dezembro. O presidente do Fed, Jerome Powell, também sinalizou que o enfraquecimento do mercado de trabalho pode se intensificar, refletindo possíveis novas quedas na geração de vagas de emprego.
Votações internas e contexto político
Diferentemente de uma decisão unânime, a redução não contou com respaldo total do comitê. O diretor Stephen Miran, nomeado por Donald Trump e que ingressou recentemente na autoridade monetária, votou por um corte maior, de meio ponto percentual. Já Jeffrey Schmid defendeu a manutenção dos juros na faixa entre 4% e 4,25%. A decisão resultou em dez votos favoráveis ao corte, contra dois contra.
O movimento ocorre em meio ao apagão nas agências federais, conhecido como shutdown, provocado pela disputa política entre republicanos e democratas na votação do orçamento do próximo ano fiscal, iniciado em 1º de outubro. Essa situação gera incertezas sobre o cenário para a condução da política monetária americana.
Política monetária além dos EUA
Diferentemente do Brasil, cujo principal objetivo do Banco Central é controlar a inflação, o Fed também monitora o nível de emprego. Nos últimos meses, mesmo com a inflação ainda acima do ideal, o mercado de trabalho americano vem demonstrando sinais de fraqueza, o que impulsiona a política de juros mais suaves.
Juros americanos e impacto no Brasil
A decisão do Fed de reduzir sua taxa influencia a economia global e, especificamente, o mercado brasileiro. Quando os juros nos EUA caem, parte do capital internacional migra para aplicações mais rentáveis em países emergentes, como o Brasil, tornando o cenário de investimentos mais atrativo por aqui.
Essa dinâmica explica o desempenho positivo da Bolsa brasileira, que vem renovando recordes de fechamento, além do fortalecimento do real, com o dólar recuando para R$ 5,36. Com a redução do juro americano e a manutenção da taxa Selic brasileira em 15%, o movimento conhecido como carry trade fica mais intenso, com investidores tomando empréstimos em dólares e aplicando no Brasil, conforme explica Caique Stein, sócio da Blue3 Investimentos.
Esse cenário favorece a entrada de capitais e reforça a atratividade do Brasil no mercado global, apesar das incertezas políticas e econômicas.
Fonte: Bloomberg News


