Uma exposição em Boston convida o público a conhecer profundamente a árvore genealógica do Papa Leo XIV, o primeiro pontífice americano. A mostra, intitulada “A ancestralidade de Papa Leo XIV: Uma história americana”, revela conexões surpreendentes com figuras nobres, movimentos de liberdade, comunidades escravizadas e celebridades modernas. A iniciativa foi promovida pelo centro nacional American Ancestors, que compilou registros históricos reveladores sobre a origem do pontífice.
Rastreamento de 14 gerações
Após o anúncio de Leo XIV como o primeiro papa americano, o historiador e genealogista Jari Honora destacou que o pontífice possui ancestralidade negra e criola de Louisiana. Motivados por essa descoberta, especialistas intensificaram a pesquisa, liderada por Ryan Woods, CEO de American Ancestors, e pelo renomado Henry Louis Gates Jr., apresentador do programa “Encontrando suas Raízes”. Em poucos dias, a equipe conseguiu mapear 14 gerações de linhagem, utilizando registros históricos e registros arquivísticos da arquidiocese de Nova Orleans, que data do início dos anos 1720.
“A diversidade de suas raízes é tão complexa quanto a própria história dos Estados Unidos”, afirmou Woods ao CNA. A pesquisa foi finalizada e publicada como um relatório interativo pelo The New York Times.
Descobertas surpreendentes
Entre as revelações, a pesquisa revelou que o Papa Leo XIV possui ancestralidade relacionada a figuras influentes do Canadá, incluindo ex-primeiros-ministros Pierre e Justin Trudeau, além de celebridades como Angelina Jolie, Justin Bieber e Madonna. A árvore genealógica também mostra que ele tem parentes que viveram em Nova Orleans, dentro da comunidade criola negra, além de certezas de ancestrais escravizados que existiram até as décadas de 1820 e 1830.
Segundo Sarah Waits, arquivista da arquidiocese de Nova Orleans, registros de batismos, casamentos e sepultamentos ajudaram a destacar as raizs familiares do Papa na região, incluindo proprietários de escravos e descendentes de portugueses, espanhóis, franceses e haitianos. “Temos um verdadeiro tesouro em nossos arquivos”, afirmou.
Após a pesquisa, Gates apresentou sua análise a Leo XIV em uma audiência privada no Vaticano em julho. Em consequência, a exposição foi aberta ao público em 4 de outubro para promover a reflexão sobre a diversidade, a história e as conexões familiares de um líder mundial.

Conexões que despertam surpresa
Detalhes da pesquisa revelaram laços com figuras de destaque e histórias de escravização. Um ancestral, Louis Boucher de Grandpre, é ligado a conhecidos canadenses, incluindo os ex-primeiros-ministros Pierre Trudeau e Justin Trudeau, além de Hillary Clinton, Angelina Jolie, Justin Bieber e Madonna. Outros descendentes estabeleceram-se em Nova Orleans, vinculados à comunidade criola negra.
Também foi descoberto que o pontífice possui antepassados que tiveram escravizados pelo menos 40 pessoas de cor, além de ancestrais que foram proprietários de escravos na Louisiana e possivelmente em Cuba. No total, a pesquisa apontou raízes que remontam à Espanha do século XVI e a uma nobreza menor, os hidalgos.
Outro aspecto importante foi a origem do sobrenome Prevost, herdado por seus tios e membros da família na Sicília, chegando ao próprio Papa por meio do bisavô Salvatore Giovanni Gaetano Riggitano Alito, que imigrou para os EUA em 1905 e foi quase padre antes de casar-se.
Exposição com propósito
A intenção do projeto é mostrar a complexidade e a riqueza da história familiar do Papa Leo XIV, incluindo histórias de imigrantes, escravizadores, escravizados e movimentos sociais. Woods explica que o objetivo é inspirar as pessoas a investigarem suas próprias raízes, lembrando que, apesar de mais de 70% dos americanos acreditarem na importância da genealogia, menos de 10% realmente pesquisam sua história familiar.
“Queremos abrir uma janela para essa história global e mostrar a cada pessoa que descobrir suas raízes é possível e enriquecedor”, conclui Woods.


