Brasil, 29 de outubro de 2025
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Desigualdade social e crise climática: o impacto dos ricos no planeta

Relatório da Oxfam revela que os 0,1% mais ricos emitem mais carbono do que metade da população mundial inteira

A poucos dias da realização da COP 30 em Belém, que discutirá estratégias para conter as mudanças climáticas, um relatório da Oxfam divulgado nesta quarta-feira reforça a relação direta entre renda e emissão de gases de efeito estufa. Segundo o estudo, os 0,1% mais ricos do planeta emitem mais dióxido de carbono (CO₂) em um dia do que metade da população mundial em um ano.

Impacto desproporcional dos super-ricos

De acordo com os dados, enquanto os 50% mais pobres emitiram apenas 0,8 toneladas de carbono em 2023, os 0,1% mais ricos foram responsáveis por 298 toneladas, ou seja, mais de 800 kg de CO₂ por dia, contra apenas 2 kg dessas classes mais baixas. Esses números evidenciam como o estilo de vida dos super-ricos contribui para esgotar os limites de emissão que o planeta pode suportar de forma segura.

Se toda a população mundial emitisse como o 0,1% mais rico, o orçamento de carbono seria atingido em menos de três semanas, segundo o relatório. Desde 1990, as emissões dos super-ricos cresceram 32%, enquanto as emissões das classes mais pobres diminuíram 3% nesse período.

A crise no contexto global e as desigualdades

A organização também aponta que a maior parte dos 0,1% mais ricos reside no Norte Global, responsável por 86% das emissões dessa elite — produzindo cerca de 6% de todas as emissões mundiais. Apesar disso, outros países em desenvolvimento também possuem seus próprios elites poluentes, o que agrava ainda mais a crise climática, muitas vezes relacionada à desigualdade social e ao racismo ambiental.

“A crise climática é uma crise de desigualdade. Os indivíduos mais ricos financiam e lucram com a destruição do clima, enquanto a maioria da população mundial sofre as consequências de forma desproporcional”, afirma Amitabh Behar, diretor-executivo da Oxfam Internacional.

Setores afetados e investimentos poluentes

O estudo aponta que os investimentos dos bilionários também contribuem para o aumento das emissões. A média de emissão resultante dos investimentos de um bilionário é de 1,9 milhão de toneladas de CO₂ ao ano, volume equivalente a quase 10 mil voltas ao redor do mundo de jato particular. Além disso, cerca de 60% dos investimentos desses indivíduos estão concentrados em setores como petróleo, gás e mineração, que possuem alto impacto climático.

O relatório destaca ainda que as carteiras de apenas 308 bilionários produzem mais emissões do que 118 países juntos, reforçando a influência dos mais ricos na crise climática global.

Desigualdades e responsabilidades no cenário internacional

Globalmente, a maior responsabilidade pelas emissões recai sobre os Estados Unidos, responsáveis por 40% da crise climática, seguidos pela União Europeia com 29%, a Europa restante com 13%, e o resto do Norte Global com 10%. O Sul Global, por sua vez, representa apenas 8% das emissões, apesar de abrigar grande parte das populações mais afetadas pelos efeitos ambientais.

“As populações periféricas, indígenas, quilombolas e lideradas por mulheres negras enfrentam enchentes, calor extremo e falta de acesso a serviços básicos, numa clara manifestação de racismo ambiental”, reforça Viviana Santiago, diretora-executiva da Oxfam Brasil.

Necessidade de mudança na política climática

Para Behar, é fundamental combater o lobby dos setores poluentes nas conferências internacionais, como a COP 30. Na edição anterior, realizada no Azerbaijão em 2024, a organização aponta que foram concedidas 1.773 credenciais a lobistas ligados a carvão, petróleo e gás, mais do que o total de representantes de países mais vulneráveis ao clima.

“Precisamos quebrar o controle dos super-ricos sobre a política climática: taxar suas fortunas, proibir seu lobby e colocar as populações mais afetadas no centro das decisões”, conclui Behar.

Para evitar que o aquecimento global ultrapasse o limite de 1,5°C, a Oxfam estima que o 1% mais rico precisaria reduzir suas emissões em 97% até 2030, enquanto o 0,1% mais rico deveria cortar 99%. Esse esforço é crucial para garantir um futuro sustentável para todos.

Saiba mais sobre o tema na matéria completa neste link.

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