Brasil, 29 de outubro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Celebração do 60º aniversário de Nostra Aetate reforça diálogos entre judeus e católicos

Evento nos EUA recorda o impacto da Declaração de João Paulo VI na evolução das relações entre as duas religiões

Washington, D.C., 28 de outubro de 2025 — Em homenagem ao 60º aniversário de Nostra Aetate, declaração do Concílio Vaticano II feita por Papa Paulo VI, judeus e católicos participaram de um evento para aprofundar os laços e refletir sobre a importância do documento na transformação das relações entre as comunidades religiosas.

Recém-celebrado marco reforça a solidariedade judaico-católica

No evento “Called to Friendship: Nostra Aetate at 60”, organizado pela Philos Project e pelo Saint John Paul II National Shrine, representantes de diferentes grupos religiosos reuniram-se para relembrar a significativa mudança trazida por Nostra Aetate. A declaração é vista por muitos especialistas como um divisor de águas na história dos relacionamentos interreligiosos.

Rabbi Joshua Stanton, vice-presidente associado das Federações Judaicas na América do Norte e responsável pelas relações interconfessionais, destacou a importância de expandir o diálogo entre as comunidades. “Um dos desafios é trazer mais pessoas para esse espaço de conversa”, afirmou à CNA. “Precisamos fazer perguntas desafiadoras, sempre com amor e respeito.”

A influência do documento e o apelo por maior protagonismo dos leigos

Stanton descreveu Nostra Aetate como “milagrosa” pelo seu papel na oficialização da solidariedade entre judeus e católicos. Em entrevista, ele também manifestou que o processo sinodal promovido pelo Papa Francisco inspirou um desejo de promover um “sínodo judaico-católico”.

Segundo ele, a ampliação da participação leiga nas discussões e na liderança dentro das comunidades é crucial para que os preceitos do documento sejam implementados de forma plena ao redor do mundo. “Se quisermos que Nostra Aetate seja vivido de verdade, precisamos que os fiéis leigos estejam cada vez mais à frente do diálogo”, afirmou.

Reações contrárias e o desafio da memória histórica

Contudo, o encontro também enfrentou críticas. Um grupo denominado “Catholics United Against the Jews”, afirmou em rede social que alguns católicos “usam Nostra Aetate para justificar teologias dualistas e práticas judaicas dentro da Igreja”. Em resposta, Simone Rizkallah, diretora do Philos Catholic, declarou: “A postura desses grupos viola os ensinamentos fundamentais do Vaticano II, que devem ser preservados na fidelidade à Igreja”.

Rizkallah destacou ainda que a resistência a esses ensinamentos é reflexo de uma crise espiritual e cultural mais profunda, marcada pelo aumento do antissemitismo, pelo isolamento social e pelo materialismo, que favorecem uma leitura distorcida da história e dos ensinamentos cristãos. “A Igreja precisa responder com verdade e amor, como oferece o próprio evangelho”, afirmou.

Perspectivas para o futuro do diálogo interreligioso

Charlie Cohen, estudante judeu de estudos sobre o Oriente Médio de Omaha, compartilhou sua visão sobre a importância do Nostra Aetate. “Para mim, é fundamental na construção de uma relação produtiva entre judeus e católicos”, comentou. Crescendo em uma comunidade predominantemente católica, Cohen reforçou que esclarecimentos e educação continuam sendo essenciais para combater a ignorância e os sentimentos negativos.

O encontro reforça o compromisso das comunidades religiosas em continuar promovendo o entendimento mútuo e a cooperação, promovendo uma convivência marcada pelo respeito às diferenças e pelo fortalecimento de laços de solidariedade.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes