A Boeing anunciou uma baixa contábil de US$ 4,9 bilhões e adiou a estreia de seu jato 777X para 2027, em um cenário que evidencia os desafios de recuperação da fabricante americana, mesmo com crescimento nas entregas de aviões e melhora no caixa.
Resultados do terceiro trimestre e impacto no desempenho
Apesar do aumento nas entregas, a baixa contábil — sem impacto em caixa — ofuscou os resultados do terceiro trimestre, que apresentou prejuízo de US$ 7,47 por ação, acima dos US$ 4,44 previstos pelos analistas. A receita somou US$ 23,27 bilhões, superando a estimativa média de US$ 22,3 bilhões, indicando uma melhora nas operações.
Enormes encargos relacionados ao 777X
A Boeing já acumulou quase US$ 16 bilhões em encargos ligados ao desenvolvimento do 777X, um avião que deveria ter estreado há sete anos. A aeronave enfrenta atrasos devido à rigorosa supervisão regulatória e agora deverá entrar em operação somente em 2027, uma mudança que reforça os desafios financeiros da companhia.
O novo encargo demonstra que a direção, liderada pelo CEO Kelly Ortberg, ainda enfrenta múltiplos obstáculos para estabilizar a empresa. Ortberg afirmou, em comunicado aos funcionários, que “estamos avançando com um plano mais confiável e tomando medidas para melhorar nosso desempenho”.
Progresso nas entregas e melhorias na produção
Durante o terceiro trimestre, a Boeing entregou 160 aeronaves, o maior número desde 2018, impulsionando o fluxo de caixa livre, que atingiu US$ 238 milhões — o primeiro desde o fim de 2023. Essa melhora foi influenciada pelo aumento na produção dos modelos 737 e 787 Dreamliner, após anos de atrasos e problemas de qualidade que agravaram suas finanças.
O aumento na produção do 737, com uma elevação de 10%, é um esforço da companhia para recuperar a confiança do mercado. Ainda assim, Ortberg alertou que o ritmo de crescimento na fábrica ainda não foi totalmente implementado, reforçando a necessidade de atenção na retomada.
Desafios na linha de defesa e novas estratégias
A análise do impacto da greve dos trabalhadores na divisão de defesa da Boeing, que já dura quase 90 dias, será um dos focos na teleconferência de resultados de Ortberg e do diretor financeiro, Jay Malave. A paralisação afeta projetos estratégicos e certificações, incluindo os últimos modelos do 737 Max, além de influenciar o fluxo de caixa e as projeções para o futuro do 777X.
Apesar dos atrasos, Ortberg destacou que “a recuperação da Boeing permanece intacta”. A companhia também foi impactada por um acerto de contas com o Departamento de Justiça dos EUA, cujo pagamento de US$ 700 milhões está suspenso enquanto um juiz decide sobre um acordo que poderá evitar acusação criminal relacionada aos acidentes com o 737 Max.
Perspectivas e próximos passos
Espera-se que, na próxima teleconferência, os investidores obtenham mais detalhes sobre a certificação dos últimos modelos do 737 Max, o progresso na produção do 777X e o impacto do atraso do novo jato no caixa da Boeing. A companhia busca seguir elevando sua produção e entregas, mesmo diante de desafios regulatorios e financeiros.
Para mais informações, acesse o fonte original.


