No filme Ballad of a Small Player, o ator Colin Farrell interpreta Lord Doyle, um usuário compulsivo de caça-níqueis em Macau que enfrenta uma severa fase de perdas. A história, adaptada do romance de Lawrence Osborne, revela a descida do personagem pelo mundo das apostas, enquanto tenta escapar de dívidas e acusações criminais.
Estilo visual e atmosfera
O filme se destaca pelo visual colorido, com uma paleta que lembra um picolé de cores vibrantes e vívidas, o que contribui para uma atmosfera quase cartunesca. Segundo o diretor Edward Berger, essa escolha serve para transmitir uma sensação de quimera e ilusão em relação à cidade de Macau, que parece um sonho neon, longe da realidade de uma metrópole real.
No entanto, essa estética, embora bonita de se ver, acaba prejudicando a narrativa, uma vez que estabelece uma distância emocional e impede que o espectador se envolva de verdade com os conflitos dos personagens. Berger consegue criar algumas cenas de grande impacto, como o momento de confidências entre Doyle e Dao Ming — interpretada por Fala Chen — numa paisagem urbana que, isolada, parece um sonho nostálgico ao estilo Wong Kar Wai.
A atuação de Farrell e o roteiro
Colin Farrell entrega uma performance convincente, transmitindo a vulnerabilidade de um homem à beira do colapso emocional. Sua expressão de preocupação e os olhares carregados de arrependimento reforçam a empatia do público pelo personagem. No entanto, infelizmente, esse esforço não é suficiente para sustentar um enredo que se mostra superficial e cheio de momentos que parecem mais um apanhado de cliques estéticos do que uma narrativa com profundidade.
O roteiro, assinado por Rowan Joffe, tenta explorar a redenção de Doyle e seus conflitos morais, mas acaba entregando um filme que pouco evolui além de sua primeira camada visual. As personagens de Tilda Swinton — como uma investigadora rígida — e Dao Ming, embora bem atuadas, não conseguem agregar maior complexidade à trama.
Perspectivas e limitações
Apesar de alguns excelentes momentos visuais, Ballad of a Small Player não consegue ir além do estilo para gerar impacto emocional duradouro. Berger, que fez sucesso com o thriller Conclave, demonstra talento técnico, mas aqui entrega um filme que se limita a uma atmosfera superficial e uma narrativa pouco envolvente.
Assim, a obra acaba sendo apenas modesta no seu efeito, e sua promessa de envolver o espectador com o charme de Farrell e o universo glamouroso de Macau fica aquém do esperado, deixando uma impressão de ilusão vazia, como as luzes piscantes da cidade onde se passa a história.
 
 
 
 

