Na manhã desta quarta-feira (29), Piraí, cidade do interior do Rio de Janeiro, se despediu do advogado João Barros, de 61 anos, assassinado a facadas por um cliente, em um crime que chocou a comunidade local e levantou questionamentos sobre a segurança dos profissionais da advocacia. O sepultamento aconteceu às 10h no Cemitério Municipal, após velório realizado na Câmara de Vereadores da cidade, na terça-feira (28).
O assassinato e seus desdobramentos
O crime ocorreu no escritório do advogado, localizado no centro da cidade. De acordo com as informações da Polícia Civil, o autor do crime foi um cliente que se dirigiu ao escritório para resolver um impasse relacionado à quantia de dinheiro que havia ganho em um processo.
Segundo relatos, houve uma discussão intensa entre o advogado e o cliente. A secretária de João Barros, que estava presente no momento do ataque, também ficou ferida ao tentar defender o advogado. Ela foi internada no Hospital Flávio Leal, onde seu estado é considerado estável, mas ainda necessita de cuidados intensivos.
“O esfaqueador chegou, entrou na sala e fechou a porta para discutir particularidades com o advogado. A secretária escutou gritos e barulhos de uma briga, e ao abrir a porta, viu o cliente golpeando o advogado. Ela tentou intervir, mas foi atingida também. O advogado conseguiu sair, mas estava gravemente ferido”, relatou Antônio Furtado, titular de Piraí.
Reações à tragédia
Após o ataque, um agente da Operação Segurança Presente, que estava nas proximidades, interveio e disparou contra o autor do crime, que não sobreviveu aos ferimentos. A ação rápida do policial é vista como essencial para evitar mais danos, especialmente à secretária, que poderia ter sofrido um destino ainda mais trágico.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Piraí emitiu uma nota de repúdio ao crime, manifestando profundo pesar pela morte do advogado e alertando sobre as implicações que esse tipo de violência pode ter não só para a advocacia, mas para a sociedade como um todo. “O episódio representa um ataque inaceitável à advocacia e ao livre exercício profissional, pilares do Estado democrático de Direito”, afirmou a instituição em suas redes sociais.
A violência contra advogados
Este caso levanta importantes questões sobre a segurança dos profissionais do Direito. A violência contra advogados não é um fenômeno isolado, e diversos estados no Brasil têm relatado casos de agressões a profissionais da advocacia. Organizações como a OAB têm trabalhado para aumentar a proteção e os direitos dos advogados, mas este ocorrido revela que ainda há um longo caminho a percorrer.
O assassinato de João Barros é um lembrete trágico da fragilidade da segurança dos advogados em ambientes normalmente considerados seguros, como seus próprios escritórios. Com o aumento da judicialização dos conflitos e o constante contato com questões sociais delicadas, os advogados se tornaram, muitas vezes, alvos de agressões físicas e verbais.
Investigação em andamento
A Polícia Civil de Piraí está investigando o caso e uma equipe de perícia foi designada para analisar a cena do crime. As informações coletadas serão cruciais para entender melhor as circunstâncias que levaram ao assassinato de João Barros e para garantir que justiça seja feita.
O corpo do suspeito foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Volta Redonda para a realização dos procedimentos necessários.
Solidariedade e reflexão
Enquanto a cidade de Piraí se recupera deste tragédia, fica a reflexão sobre a necessidade de garantir a segurança dos profissionais da advocacia e a importância de medidas que promovam um ambiente mais seguro para todos. A OABRJ reafirma seu compromisso com a proteção da vida e da integridade de seus membros, bem como a defesa do estado democrático de direito.
A comunidade de Piraí, unida pelo luto, poderá encontrar conforto e apoio nas palavras e ações que honram a memória de João Barros e as contribuições que ele fez à prática do Direito na região.
O caso segue sob investigação e a OAB continuará a acompanhar o desdobramento dos fatos, buscando justiça e a garantia de que atrocidades como essa não voltem a ocorrer.


