A recente publicação da encíclica Dilexit te, do Papa Leão XIV, em 10 de outubro de 2025, reafirma um compromisso histórico da Igreja Católica: a opção preferencial pelos pobres e pelos jovens. Esse documento não apenas ecoa a tradição da Igreja na América Latina, mas também ressoa como um chamado à santidade, que busca inserir esses grupos em todas as esferas da ação pastoral.
O legado da encíclica
No início da encíclica, o Papa Leão XIV menciona: “Partilhando o desejo do meu amado Predecessor de que todos os cristãos possam perceber a forte ligação existente entre o amor de Cristo e o seu chamamento a tornarmo-nos próximos dos pobres”. Tais palavras evidenciam a importância da proximidade com os que mais precisam, ressaltando que este não é apenas um valor teológico, mas uma prática necessária para a renovação espiritual da Igreja e da sociedade.
A relação entre os pobres e a juventude
O Santo Padre faz referências diretas ao Evangelho, utilizando passagens como “Pobres, sempre os tereis convosco” (Mt 26,11) e “Sabei que Eu estarei sempre convosco” (Mt 28,20). Para Leão XIV, a conexão entre essas passagens se torna evidente, ressaltando que Jesus se identifica com os pequenos: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25,40). Essa visão é constante ao longo da história da Igreja:
Desde a Conferência de Medellín em 1968, a Igreja na América Latina assumiu o compromisso com uma “face autenticamente pobre, missionária e pascal”. Essa opção não se limita apenas a palavras, mas busca uma articulação prática entre fé e vida, entre espiritualidade e ação social.
A importância da juventude na missão pastoral
Avançando para Puebla em 1979 e Santo Domingo em 1992, a juventude surge como prioridade, sendo reconhecida como um ator central na nova evangelização. Os jovens são vistos não apenas como receptores da mensagem, mas como protagonistas, com responsabilidades em estruturas sociais e eclesiais. Essa visão é reforçada pela encíclica, que aponta os jovens como agentes da mudança, fundamentais na construção de uma sociedade mais justa.
Continuidade e renovação na evangelização
Aparecida em 2007 trouxe um novo impulso, reafirmando que a opção pelos pobres é intrínseca à fé cristã. A encíclica destaca a importância de formar os jovens para a ação social e política, em sintonia com a Doutrina Social da Igreja. Ao dialogar com o passado e olhando para o futuro, o Papa busca trazer os jovens para a vanguarda da renovação eclesial.
O chamado para a formação social e pastoral já era evidenciado desde a Conferência do Rio de Janeiro em 1955, onde a criação de uma escola de Doutrina Social da Igreja foi proposta. Essa visão pioneira revela a compreensão de que a fé não pode se dissociar da prática da caridade e da transformação das estruturas sociais.
Um caminho de compromisso e esperança
Assim, a encíclica Dilexit te não apenas confirma uma opção histórica e espiritual, mas também apresenta um caminho a ser aprofundado. O Papa Leão XIV nos convida a manter viva a atenção aos pobres e aos jovens como lugares privilegiados de encontro com Cristo. A continuidade entre suas palavras e a tradição do Celam nos lembra a unidade da missão da Igreja: anunciar o Evangelho a todos, com carinho especial por aqueles que mais necessitam.
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