Brasil, 29 de outubro de 2025
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A importância da Nostra Aetate na convivência entre judeus e católicos

A Nostra Aetate, celebrada 60 anos após sua promulgação, transformou as relações entre cristãos e judeus ao promover a compreensão mútua.

O rabino Abraham Skorka, professor da Universidade de Georgetown, reflete no jornal L’Osservatore Romano sobre o 60º aniversário da Declaração Nostra Aetate, um marco que ajudou a ressignificar a relação entre cristãos e judeus, passando de um histórico de hostilidade à compreensão mútua. Este documento, promulgado pelo Concílio Vaticano II em 28 de outubro de 1965, representa um esforço significativo da Igreja Católica em corrigir erros do passado e promover um diálogo construtivo.

A origem da Nostra Aetate

A Nostra Aetate foi impulsionada, em parte, pelo histórico trágico de injustiças e violência enfrentadas pelos judeus, que se intensificou durante o Holocausto, quando milhões foram exterminados. O cardeal Augustin Bea, um dos principais responsáveis pela redação do documento, destacou que a relação entre a Igreja e o povo judeu é uma questão que perdura há cerca de dois mil anos, desde a origem do cristianismo. O antissemitismo, que resultou em massacres, expulsões e pogroms, culminou em uma divisão terrível que precisava ser superada.

Em vista do Holocausto, líderes judeus, incluindo o Dr. Aryeh Kubovy e o historiador Jules Isaac, buscaram uma declaração oficial da Igreja que isentasse os judeus da acusação de deicídio. Esse processo culminou na Nostra Aetate, que não só eliminou essa acusação, mas também reafirmou que a aliança de Deus com o povo judeu permanece inalterada, condenando todas as formas de antissemitismo e promovendo o respeito e a fraternidade entre as religiões.

Avanços nas relações inter-religiosas

Desde a promulgação da Nostra Aetate, muitos documentos e declarações foram elaborados, refletindo a busca contínua por um entendimento mais profundo entre católicos e judeus. O Papa João Paulo II, em particular, foi um dos grandes catalisadores dessa transformação, realizando gestos significativos de proximidade e reconhecimento, culminando em sua famosa declaração de que os judeus são “nossos irmãos mais velhos na fé”.

O rabino Skorka destaca seu envolvimento pessoal no diálogo entre católicos e judeus, em colaboração com Jorge Mario Bergoglio, que mais tarde se tornaria Papa Francisco. Através de diálogos públicos e produções audiovisuais, eles abordaram questões contemporâneas à luz da fé, promovendo um intercâmbio de ideias que ajudou a derrubar barreiras culturais e religiosas.

A continuidade do diálogo inter-religioso

O diálogo estabelecido pela Nostra Aetate ainda se fortalece no papado de Francisco, que tem se mostrado aberto e comprometido em promover uma convivência pacífica e respeitosa entre as religiões. A inclusão do rabino Skorka em delegações vaticanas e as peregrinações a lugares históricos evidenciam a seriedade com que a Igreja Católica considera as relações com a comunidade judaica.

O cardeal Bea, ao associar a elaboração da Nostra Aetate à urgência de uma resposta às atrocidades do passado, destacou a necessidade de continuar esta conversa. O rabino Skorka conclui que os diálogos inter-religiosos são fundamentais para restaurar a paz em um mundo fragmentado e atormentado por conflitos de intolerância e preconceito.

Essas reflexões e memorandos ao longo das últimas seis décadas sublinham a importância da Nostra Aetate não apenas como um documento teológico, mas como um passo crucial em direção a um futuro mais harmonioso entre judeus e cristãos. A construção de pontes e o cultivo da empatia continuam sendo desafios vitais para as gerações contemporâneas, que herdam um legado de superação e esperança.

* Abraham Skorka, Rabino e professor da Universidade de Georgetown, Washington.

Para mais informações, acesse o artigo completo na Vatican News.

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