Entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro, Beirute se prepara para receber o Papa Leão XIV, que chega ao Líbano com uma mensagem clara de paz e consolação. A população libanesa aguarda ansiosamente a visita, especialmente após as tragédias que marcaram o país, em especial a devastadora explosão ocorrida no porto da capital em 2020, que deixou 218 mortos e milhares de feridos. Tarek Mitri, vice-primeiro-ministro do Líbano, expressa a expectativa dos cidadãos, que veem na presença do Papa uma oportunidade de renovação da esperança e do diálogo.
A oração pela cura das feridas
Mitri, que se encontra em Roma realizando encontros e audiências, enfatiza a importância da oração silenciosa do Papa no local da explosão, um momento que promete ser fundamental para o processo de cura do país. O vice-primeiro-ministro, que se reuniu com o Papa em outubro, ressaltou que a visita de Leão XIV simboliza um apoio espiritual inestimável às vítimas e suas famílias. “As cicatrizes deixadas por essa tragédia ainda estão presentes na memória coletiva dos libaneses”, afirmou.
Apesar das dificuldades enfrentadas, Mitri reafirma o compromisso do governo em apoiar o Judiciário, que permanece independente e com a responsabilidade de desvendar as causas da tragédia. Contudo, a investigação avança a passos lentos, sem respostas claras sobre as verdadeiras razões por trás da explosão, questionando se houve negligência ou intenções mais profundas.
A convivência em tempos de conflito
Durante a visita, o Papa encontrará não apenas autoridades, mas também jovens que, apesar de não terem vivido diretamente a guerra, sentiram seus efeitos. “Eles esperam do Papa uma mensagem de paz e a confirmação de que o Líbano ainda é um lugar onde o diálogo e a convivência são possíveis”, comentou Mitri. Ele reforça que, apesar da violência, a convivência sempre se mostrou mais forte.
Os libaneses se orgulham de sua resiliência em face dos conflitos civis e ressaltam o que denominam de “diálogo da vida”, onde as diferenças religiosas, no cotidiano, tornam-se secundárias. “No passado, as amizades eram construídas sem considerar as afiliações religiosas, o que mostra que é possível viver em harmonia”, destacou Mitri.
Desafios da instrumentalização religiosa
Mitri declarou que os conflitos atuais não podem ser simplificados em questões meramente religiosas, mas reconhece que alguns atores podem se aproveitar das divergências para acirrar tensões. Para ele, é crucial separar as influências religiosas das motivações políticas, buscando usar a fé como uma ferramenta de construção de paz e não como um meio de divisão.
Uma abordagem pacífica deve ser alicerçada no reconhecimento das injustiças históricas e na busca pela verdade. “Não existe paz verdadeira sem a verdadeira Justiça. A reconciliação exige que todos os lados reconheçam as feridas do passado”, comentou. Mitri acredita firmemente que o perdão desempenha um papel vital nesse processo, permitindo que as sociedades avancem além dos traumas do passado.
O papel do Papa na promoção da justiça e da paz
A visita do Papa Leão XIV representa, portanto, uma esperança renovada para o Líbano. Com uma presença que busca promover o diálogo, a justiça e o perdão, o Papa pode ser um catalisador importante para a reconciliação em um país tão marcado por conflitos. A mensagem que ele traz reforça que é possível viver juntos, compartilhando valores comuns, independentemente das diferenças religiosas ou políticas.
As expectativas são altas, e o desejo de um futuro pacífico une os libaneses. A visita do Papa pode ser mais do que um evento simbólico; ela pode ser um passo significativo na jornada rumo à cura e ao fortalecimento da convivência pacífica no Líbano.


