Na manhã desta terça-feira (28/10), uma megaoperação realizada pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e pela Polícia Militar focou no combate ao crime organizado nos complexos do Alemão e da Penha. A ação gerou um forte impacto na segurança pública, com 80 prisões e 22 mortes durante os confrontos. O que se seguiu foram uma série de reações agressivas por parte de políticos de direita, que usaram a ocasião para criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), insinuando uma ligação entre suas declarações e o apoio ao crime organizado.
A repercussão das falas de Lula sobre traficantes
Durante uma recente agenda na Indonésia, Lula fez uma declaração controversa ao afirmar que os traficantes são “vítimas dos usuários”. Essa análise provocou uma onda de reações entre os opositores, que acusam o presidente de minimizar a gravidade do tráfico de drogas no Brasil. O ex-senador Deltan Dallagnol foi um dos primeiros a se manifestar, criticando a posição do presidente e afirmando que “o crime organizado está usando até drones com bombas”, enquanto o presidente se preocupa em defender os traficantes.
O crime organizado está usando até drones com bombas, mas para Lula, a culpa é dos usuários que oprimem os pobres traficantes.
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) October 28, 2025
Além de Dallagnol, o senador Flávio Bolsonaro também se manifestou, questionando a reação da mídia à sua própria sugestão de bombardear barcos de traficantes, dizendo que isso seria tratado de forma diferente se Lula não tivesse feito suas declarações. Flávio destacou a hipocrisia da mídia e da esquerda em relação ao crime organizado, sugerindo que Lula está colaborando com a impunidade e o crime.
Masssss, se eu sugerir bombardear barcos de traficantes, a esquerda acha um escândalo e a mídia passa a noticiar isso 24 horas por dia…
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) October 28, 2025
Críticas à atuação do governo Lula
O vereador Carlos Bolsonaro seguiu na mesma linha, insinuando que o governo Lula compactua com o crime organizado ao rejeitar uma proposta dos Estados Unidos que buscava classificar facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho como organizações terroristas. Essas críticas parecem ter ecoado entre outros parlamentares da base de oposição, que enxergam no discurso de Lula uma forma de legitimar o crime.
Em maio de 2025, o governo brasileiro, liderado pelo presidente Lula, rejeitou uma proposta dos Estados Unidos para classificar o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas.
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) October 28, 2025
Um deputado do PL-RJ também utilizou suas redes sociais para criticar a impunidade que, segundo ele, protege os bandidos e alimenta a violência: “A IMPUNIDADE e a CORRUPÇÃO GENERALIZADA sustentam a ousadia dos bandidos”. Esse tipo de retórica alinha-se à narrativa de que o governo Lula não está fazendo o suficiente para combater o crime.
A megaoperação no Rio: um cenário de violência
A megaoperação realizada hoje, que envolveu cerca de 2,5 mil agentes de segurança, teve como foco os complexos do Alemão e da Penha, áreas historicamente marcadas pela presença do tráfico de drogas. O governador Cláudio Castro confirmou os números de detenções e mortes durante a operação, ressaltando a necessidade da ação diante do crescente poderio do crime organizado. No entanto, o volume de reações políticas, especialmente de figuras ligadas ao bolsonarismo, ensombra a discussão sobre a eficácia das políticas de segurança pública.
A fala do presidente Lula sobre traficantes como “vítimas” parece ter criado um forte divisor de águas entre os discursos de oposição e a narrativa governamental. A operação do dia, alinhada ao cenário de tensão política, levanta questões sobre o futuro das estratégias de combate ao crime no Brasil e a postura do governo diante de uma problemática tão complexa.
Conclusão: um debate necessário e polêmico
O debate sobre como lidar com o tráfico de drogas e o crime organizado é mais relevante do que nunca. Em um contexto de operações policiais intensas e retórica política acirrada, é fundamental que a sociedade brasileira dialogue sobre as melhoras soluções para enfrentar uma questão que afeta diretamente a segurança e a qualidade de vida no país. A combatividade entre as narrativas políticas evidencia não apenas as divisões em torno do governo Lula, mas também as diferentes visões sobre como tratar a questão do tráfico e da violência no Brasil.


