Começaram nesta terça-feira, na Suprema Corte do Reino Unido, as primeiras audiências do processo que Felipe Massa move contra a Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo e Bernie Ecclestone, ex-chefe da categoria, em relação ao título da temporada de 2008. O icônico piloto brasileiro, que atualmente compete na Stock Car, busca o reconhecimento como campeão e US$ 82 milhões (cerca de R$ 440 milhões) de indenização. Essa quantia é justificada pela perda do prêmio em dinheiro e pelos bônus que teria recebido caso fosse coroado campeão.
O desenrolar do julgamento
Esta fase do julgamento está programada para prosseguir até o dia 31 de outubro. Na sessão de abertura, as leituras dos autos foram realizadas pelo juiz e, na quarta-feira, está prevista a audição dos réus. Em seguida, será a vez da acusação, com a participação dos advogados de Massa, que está presente no tribunal. O objetivo dessas sessões preliminares é determinar se a ação legal de Massa seguirá adiante para a coleta de provas e julgamento ou se será arquivada.
O escândalo ‘Singapuragate’
A ação de Felipe Massa, protocolada em 2024, está fundamentada no escândalo conhecido como “Singapuragate” ou “Crashgate”. Esse episódio ocorreu durante o Grande Prêmio de Singapura de 2008, quando a equipe da Renault ordenou que Nelsinho Piquet batesse propositalmente durante a corrida, o que resultou na entrada do safety car e beneficiou Fernando Alonso, que acabou por vencer a corrida. Naquele momento, Massa liderava a prova, mas, devido a um problema em seu pit stop, terminou apenas em 13º lugar e viu seu sonho de ganhar o título ser destruído.
Lewis Hamilton, seu rival, conquistou o campeonato por apenas um ponto, e se o GP de Singapura tivesse sido considerado inválido, Massa teria se tornado o campeão mundial. Essa memória ainda é dolorosa para Massa e é a razão pela qual ele busca a justiça no tribunal.
A defesa de Massa
O piloto brasileiro esclarece que sua intenção não é retirar o título conquistado por Hamilton, mas antes corrigir uma injustiça. Ele deseja que tanto ele quanto Hamilton sejam reconhecidos como campeões de 2008. “Minha luta não é contra Lewis, mas contra uma corrida que foi manipulada. Isso é sobre justiça”, disse Massa em uma de suas declarações, referindo-se a outros esportes que também revisaram resultados por questões de manipulação.
Para Massa, a revisão do resultado de uma corrida não é algo sem precedentes na Fórmula 1. Ele acredita que a ética e a justiça esportiva devem prevalecer. A ação ganhou força após uma entrevista de Bernie Ecclestone, em agosto de 2023, onde o ex-chefão da F1 revelou que já estava ciente das manipulações durante a corrida em 2008, mas optou por não expor a situação na época, visando proteger a categoria e a FIA.
De acordo com Ecclestone, ele e Max Mosley, presidente da FIA na época, decidiram não agir por medo de um grande escândalo, mesmo sabendo que a corrida havia sido manipulada. Essa revelação fez com que Massa reconsiderasse sua posição e decidisse levar o caso adiante nos tribunais.
Consequências do escândalo
Após a revelação do “Singapuragate”, o chefe da Renault, Flavio Briatore, e o diretor de engenharia, Pat Symonds, foram banidos da Fórmula 1, embora ambos tenham conseguido reverter a decisão na justiça francesa. Nelsinho Piquet, que foi a peça-chave deste escândalo, foi demitido da equipe após a temporada de 2008 e não voltou a competir na categoria.
Seu desempenho no GP de Singapura, onde ficou em 13º devido a problemas de pit stop, refletiu na classificação final que, por um ponto, entregou o título a Hamilton. Caso a corrida tivesse sido validada como nula, Massa teria sido coroado campeão, e o peso dessa injustiça ecoa até os dias de hoje.
À medida que o julgamento avança, a expectativa em torno do desfecho aumenta. Felipe Massa representa não apenas sua própria luta por reconhecimento, mas também um ponto crucial na história da Fórmula 1, lidando com questões éticas e de justiça esportiva que vão além de uma simples disputa pelo título. Essa batalha será observada de perto, não apenas por fãs de corrida, mas por todos aqueles que acreditam na importância de um esporte justo e transparente.
 
 
 
 

