Brasil, 31 de outubro de 2025
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Descoberta de inscrição assíria pode esclarecer eventos bíblicos

Arqueólogos em Jerusalém encontraram uma inscrição assíria de 2.700 anos que pode iluminar histórias do Antigo Testamento.

Arqueólogos em Jerusalém realizaram uma descoberta fascinante que promete conectar fragmentos da história com relatos bíblicos. Uma pequena lasca de cerâmica de 2,5 centímetros, inscrita em cuneiforme acádio – a mais antiga língua semítica escrita conhecida – foi encontrada próxima ao Monte do Templo e é datada de aproximadamente 2.700 anos.

Inscrição e seu contexto histórico

A equipe de especialistas da Universidade Bar-Ilan conseguiu decifrar a inscrição, que aparenta ser uma reclamação do império assírio sobre um pagamento em atraso esperado do reino de Judá. O texto especifica o primeiro dia do mês de Av, o décimo primeiro mês do calendário hebraico, como a data limite para o tributo não pago, indicando uma comunicação formal entre o império assírio e os reis de Judá.

A pesquisa associou este evento aos relatos encontrados em 2 Reis, capítulos 18 e 19, que descrevem o rei Ezequias sendo solicitado a pagar 300 talentos de prata e 30 talentos de ouro ao rei Senaqueribe da Assíria. Este tributo tinha como finalidade garantir a segurança de Judá contra possíveis agressões assírias.

A datação da lasca a posiciona em torno do período do reinado de Ezequias, mas a equipe de pesquisa também levantou a possibilidade de que a inscrição pertencesse ao período de seu filho Manassés ou mesmo ao rei Josias.

Dr. Peter Zilberg, membro da equipe de pesquisa da Universidade Bar-Ilan, salientou que, apesar do pequeno tamanho do fragmento, sua importância é gigantesca. “Esse pequeno fragmento pode ser curto, mas conta uma história muito importante”, declarou. “É parte de um selo real inscrito, uma bula de argila usada para fechar ou autenticar cartas e documentos oficiais. O que estamos vendo aqui é uma evidência direta da comunicação oficial entre a Assíria e Judá.” Este é considerado o primeiro registro desse tipo já descoberto.

Análise da composição e implicações diplomáticas

A Dr. Anat Cohen-Weinberger da Autoridade Israelense de Antiguidades (IAA), que conduziu a escavação, explicou como a origem da lasca foi associada à Assíria e não a Jerusalém. A análise petrográfica revelou que a composição da cerâmica difere dos materiais locais, possuindo um conteúdo mineral correspondente à geologia da região da Bacia do Tigre, que abriga cidades assírias importantes como Nínive, Assur, e Nimrude/Kalhu.

Essa descoberta sugere que a lasca pode ter sido parte de um envio de documentos ou correspondências oficiais assírias para Judá, evidenciando a complexidade da diplomacia antiga e mostrando que até mesmo reinos pequenos como Judá estavam envolvidos em negociações detalhadas com superpotências da época.

A correspondência entre Judá e Assíria seria vital para navegar as pressões políticas do momento, especialmente diante de um império poderoso como o assírio. Embora a inscrição não cite diretamente um versículo bíblico específico, ela oferece uma evidência palpável das interações do reino de Judá com o império assírio.

A equipe de pesquisadores observou: “Embora não possamos determinar a origem dessa demanda, se resultou de um mero atraso técnico ou se teve um significado político, a própria existência de um apelo oficial parece atestar um certo ponto de fricção entre Judá e o governo imperial.”

Conexão entre arqueologia e relatos bíblicos

A descoberta oferece a historiadores e estudiosos da Bíblia uma rara visão sobre a diplomacia, economia e pressões políticas do antigo Oriente Próximo. Além disso, reforça o contexto histórico dos relatos bíblicos sobre os tributos de Judá à Assíria, demonstrando que essas histórias estavam fundamentadas em interações reais entre os reinos.

À medida que a análise continua, a pequena lasca se destaca como um poderoso lembrete de como a história pode ser preservada em artefatos minúsculos, conectando a narrativa bíblica com a realidade arqueológica e enriquecendo nossa compreensão da vida em Jerusalém antiga.

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