O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), procurou amenizar as críticas dirigidas ao governo federal nesta terça-feira, 28 de outubro, aludindo a um mal-entendido em suas declarações sobre a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha. A ação, que já resultou na morte de mais de 60 pessoas, gerou uma série de controvérsias e reações de Brasília.
Declarações e mal-entendidos
Durante uma entrevista, Cláudio Castro mencionou que o estado estava “sozinho” na operação, o que foi interpretado como um apelo por ajuda do governo federal. “Houve uma leitura errada da minha fala”, afirmou o governador, explicando que sua resposta surgiu após uma pergunta sobre a participação da União na operação. Ele destacou que, em ocasiões anteriores, havia solicitado blindados sem sucesso, uma vez que o governo federal indicou que não poderia atender ao pedido sem a autorização para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
O Ministério da Justiça, por sua vez, reagiu afirmando que não recebeu pedidos relacionados à operação e que tem atuado no estado desde outubro com a Operação Nacional de Segurança Pública. O ministério ressaltou a realização de 178 operações no Rio no ano corrente, incluindo 24 voltadas ao tráfico de drogas e armas.
Impacto da operação na população
A megaoperação, considerada uma das mais letais da história do Rio, afetou diretamente a rotina de milhares de moradores da Zona Norte da capital carioca. Escolas na região suspenderam as aulas, unidades de saúde foram fechadas e linhas de ônibus precisaram ser desviadas devido aos confrontos e barricadas em chamas montadas por criminosos. O cenário caótico levou muitos cidadãos a caminharem longas distâncias para retornar para casa, enfrentando dificuldades em meio ao policiamento intenso.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, pelo menos 39 escolas foram impactadas, com atividades suspensas total ou parcialmente. Já a Secretaria Municipal de Saúde confirmou que unidades básicas precisaram encerrar o atendimento, colocando em risco a saúde dos moradores.
A logística da operação
Com exatos 2.500 agentes envolvidos, a operação foi planejada para ocorrer ao longo de 60 dias, em uma ação que visou atingir cerca de 100 integrantes do Comando Vermelho. O secretário de Segurança Pública do estado, Victor Santos, comentou que toda a logística foi custeada com recursos próprios. “São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem no Rio de Janeiro. Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma necessidade planejada, com inteligência, e que vai continuar”, disse.
Próximos passos e diálogo com o governo federal
Cláudio Castro ainda se comprometeu a manter um diálogo construtivo com os representantes do governo federal. Ele revelou que manteria conversas com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o ministro Rui Costa, em busca de uma colaboração efetiva. “Ficamos de nos falar ao fim da noite para entender os passos de amanhã. Não acredito que em segurança se faz politizando. Qualquer ajuda que o governo federal puder dar será bem-vinda”, enfatizou.
A situação na cidade permanece tensa, com a operação ainda em andamento. As cenas de violência e o clima de insegurança alertam para os desafios enfrentados pelo governo estadual e as autoridades locais na luta contra o crime organizado.
À medida que a operação prossegue, a sociedade civil espera que as medidas adotadas resultem em melhorias efetivas na segurança pública e que a comunicação entre os níveis federal e estadual se torne mais eficaz, evitando desencontros que possam prejudicar a população.
As próximas horas serão cruciais, e a expectativa gira em torno das ações planejadas para o dia seguinte, que podem trazer novas diretrizes para um enfrentamento mais efetivo à criminalidade no estado.
 
 
 
 

