Aos 55 anos, a aposentada Andréa Andrade, moradora da Vila Canária em Salvador, vive um pesadelo financeiro após cair no golpe da “falsa atendente”. O caso, que chocou a comunidade local, revela a vulnerabilidade de muitos diante de criminosos que utilizam tecnologia para aplicar golpes.
Entenda como o golpe ocorreu
A história de Andréa começou em junho, quando ela contraiu um empréstimo de R$ 9 mil por meio do banco digital C6 Bank. Após o empréstimo, uma atendente virtual se apresentou a ela via mensagens e ofereceu uma redução nas parcelas mensais de seu pagamento. Inicialmente, Andréa tinha cerca de R$ 250 sendo descontados de sua aposentadoria — um salário mínimo — e, encantada com a proposta de diminuir a parcela para R$ 176, ela forneceu seus dados pessoais, incluindo uma foto de seu documento de identidade.
Infelizmente, a atendente tinha acesso a informações pessoais de Andréa, o que a fez acreditar que o contato era legítimo. A enganadora enviou um “contrato” com a logomarca do C6 Bank e outros dados dela, convencendo-a da autenticidade da proposta.
O desdobramento do crime
Os golpistas, utilizando as informações obtidas, conseguiram contrair um empréstimo em nome de Andréa no banco digital PicPay, totalizando R$ 14 mil, que seriam pagos com juros absurdos, totalizando R$ 26 mil em 96 parcelas. Foi somente ao notar que sua aposentadoria estava sendo drasticamente reduzida que Andréa percebeu o golpe. “Tinha R$ 860 e eu me assustei. Ao verificar, vi que tinha esse empréstimo e uma solicitação de cartão consignado”, relatou a vítima.
No desespero, Andréa tentou contatar a “atendente”, que agora pedia que ela devolvesse os R$ 14 mil debitados em sua conta, prometendo cancelar o empréstimo. Sem saber que estava sendo enganada, ela transferiu o valor, acreditando estar obedecendo instruções legítimas e de que o problema seria resolvido.
O resultado devastador
Após a transferência, Andréa buscou esclarecimentos com o C6 Bank, onde descobriu que, na verdade, o único empréstimo registrado era o dele. A realidade se abateu sobre ela quando identificou que o novo empréstimo realizado por meio do PicPay era uma fraude completa.
Conforme revelou a aposentada, “eu não durmo, não como e estou agoniada, porque tenho meus compromissos para pagar e como faço isso com R$ 880?”. Seu desespero é compartilhado por muitos que, assim como ela, podem se tornar alvos fáceis para golpistas que utilizam estratégias enganosas e bem planejadas.
A busca por justiça
A equipe de reportagem da TV Bahia tentou contato com o C6 Bank e PicPay, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. Por outro lado, a Polícia Civil já está investigando o caso. A 10ª Delegacia Territorial (DT/Pau da Lima) está empenhada em identificar os culpados por esse crime de estelionato.
Andréa descreveu sua experiência angustiante, alertando a população: “É preciso estar atento. Eu não dormo, fico apenas vendo os vídeos que eles me mandaram. Estou sofrendo muito e não desejo que ninguém passe por isso”. Seu apelo a outros cidadãos é claro e sincero: a cautela pode ser a primeira defesa contra esses perigos que estão cada vez mais perto do cotidiano das pessoas.
A importância da conscientização
Histórias como a de Andréa não são únicas, e a cada dia novos casos de estelionato surgem. É fundamental que a sociedade se informe sobre os métodos utilizados pelos golpistas, pois a informação é uma ferramenta poderosa na prevenção de fraudes. Com a ascensão da tecnologia, os criminosos estão se adaptando e criando novas táticas para enganar suas vítimas, tornando ainda mais importante que todos estejam cientes dos sinais de alerta.
“As pessoas precisam se atentar aos detalhes e nunca compartilhar informações pessoais sem certeza da identidade da outra parte. Eu confiei em uma voz que pareceu amigável e agora estou enfrentando problemas que afetam minha saúde e minha qualidade de vida”, finalizou Andréa, que espera que sua experiência sirva como um alerta para outros.
As autoridades e especialistas em segurança digital recomendam sempre confirmar a autenticidade de atendentes antes de realizar qualquer transação, mantendo um diálogo aberto sobre esses tipos de golpes e suas consequências.
Este caso nos lembra a importância de manter vigilância, especialmente em um mundo cada vez mais digital, onde a confiança cega pode levar a perdas significativas.
