Brasil, 2 de dezembro de 2025
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Lula aposta na substituição do dólar em transações internacionais

Lula defende uso de moedas nacionais no comércio entre países, aumentando tensões com os Estados Unidos e reforçando estratégia dos emergentes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou nesta quinta-feira (23), em Jacarta, Indonésia, a proposta de substituir o dólar norte-americano por moedas locais em transações comerciais internacionais. A iniciativa busca fortalecer a autonomia financeira de países emergentes, mas enfrenta forte oposição dos Estados Unidos, representada por Donald Trump, e obstáculos globais.

Lula defende uso de moedas nacionais no comércio global

Durante discurso no Palácio de Merdeka ao lado do presidente indonésio Prabowo Subianto, Lula afirmou: “Queremos multilateralismo e não unilateralismo. Queremos democracia comercial e não protecionismo. Tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar”.

Contexto do dólar no comércio internacional

Desde a criação do sistema de Bretton Woods em 1944, o dólar consolidou-se como moeda-padrão no comércio mundial, devido à sua estabilidade e aceitação global. Transações entre países, inclusive os em desenvolvimento, geralmente envolvem a conversão de moedas locais para o dólar, facilitando a liquidez e o intercâmbio financeiro.

Mercado de câmbio e dólar no comércio internacional

Motivos por trás do desejo dos países emergentes de romper com o padrão do dólar

Países como China, Rússia e Brasil defendem a adoção de moedas locais ou de uma moeda comum nos negócios internacionais. Entre os motivos estão a vulnerabilidade às oscilações do dólar e a dependência de sanções econômicas, como a exclusão da Rússia do sistema SWIFT após a invasão à Ucrânia.

A China, maior parceira comercial da Rússia, incentiva o uso do yuan na cooperação econômica. No ano passado, a Argentina recebeu financiamento em yuan frente às dificuldades no acesso a recursos internacionais, demonstrando a tentativa de fortalecer o yuan como alternativa ao dólar.

Resistência e críticas dos EUA

Donald Trump já advertiu que, se o bloco Brics tentar substituir o dólar, poderá impor taxas adicionais às exportações dos países do grupo. Atualmente, o Brasil enfrenta tarifas de até 50% sobre produtos como café, seu item de maior volume de exportação. Ainda há expectativa de encontro entre Lula e Trump na Malásia, no domingo, onde a questão pode gerar embaraços nas negociações.

Projetos e riscos do uso de moedas locais

Rússia e China lideram o uso de moedas nacionais em transações bilaterais, enquanto o Brasil avançou com um memorando com a China para facilitar operações diretas entre real e yuan, sem converter para o dólar. O Banco Central brasileiro e o Banco Central da China visam reduzir custos e agilizar negócios.

Apesar dessas iniciativas, a substituição do dólar no bloco Brics ou a criação de uma moeda única ainda está distante, devido a riscos como a menor estabilidade cambial, aumento de custos de financiamento, dificuldades na aceitação internacional e o risco de isolamento comercial.

Perspectivas futuras para a moeda global

Especialistas alertam que uma mudança significativa na preferência por moedas poderia elevar a volatilidade e tornaria as transações mais arriscadas. O dólar, embora vulnerável a crises, mantém sua posição pela forte aceitação e liquidez mundial. O euro e o yuan, por sua vez, enfrentam limitações que dificultam sua substituição.

O avanço das discussões dentro do Brics reflete uma tentativa de fortalecer a autonomia econômica dos países do grupo, mas a implementação de uma nova moeda global ou o completo abandono do dólar no curto prazo permanece improvável.

Fonte: G1 Economia

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