A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de construir um novo salão de festas na Casa Branca, orçado em cerca de 250 milhões de dólares, tem gerado debates intensos sobre o financiamento e a ética envolvidos no projeto. Enquanto o trabalho começou, a identidade dos doadores que estão financiando essa empreitada permanece envolta em mistério.
Início das obras e financiamento
A construção do exuberante salão de 90.000 pés quadrados (aproximadamente 8.360 metros quadrados) teve seu início na última segunda-feira, com máquinas de escavação e trabalhadores de construção demolindo partes da Ala Leste da Casa Branca. Trump indicou que arcará com uma parte significativa dos custos e sugeriu que doadores anônimos estariam dispostos a contribuir com mais de 20 milhões de dólares para a conclusão do projeto.
Essa abordagem de financiamento despertou preocupação entre especialistas legais, que afirmam que pode representar um meio de compra de acesso à administração. Richard Painter, ex-advogado chefe de ética durante o governo Bush, expressou suas preocupações, afirmando que o salão representa um “pesadelo ético” e que o uso do acesso à Casa Branca para arrecadar fundos é problemático.
Doadores e possíveis repercussões
Um jantar realizado no dia 15 de outubro para potenciais doadores contou com a presença de executivos de empresas proeminentes como Blackstone, OpenAI, Microsoft, Coinbase, Palantir, Lockheed Martin, Amazon e Google. O evento também teve a participação de Woody Johnson, proprietário do time de futebol americano New York Jets, e da família Glazer, que possui o time de futebol Tampa Bay Buccaneers e o Manchester United.
Documentos sugeriram que os doadores poderiam ser reconhecidos por suas contribuições, o que poderia incluir o nome dessas empresas gravado na estrutura do salão. Atualmente, apenas a YouTube foi confirmada como contribuinte, com um aporte de 22 milhões de dólares como parte de um acordo relacionado à suspensão da conta de Trump após os eventos de 6 de janeiro de 2021.
Críticas e questões éticas
A Casa Branca insiste que a solicitação de doações é adequada e que o projeto não custará nada aos contribuintes dos EUA. Martin Mongiello, ex-chef executivo da Casa Branca, destacou que o investimento feito no salão de festas acabará se pagando e economizando custos a longo prazo, já que eventos ao ar livre costumam ser caros e inconvenientes.
No entanto, Painter questiona se essa iniciativa não seria um esquema de “pagamento para jogar”, no qual a arrecadação de fundos está atrelada ao acesso e escritórios do governo, um problema observado em administrações anteriores. Histórias do passado, como a do ex-presidente Bill Clinton, que foi criticado por ter supostamente vendido estadias na Sala Lincoln em troca de contribuições de campanha, revivem essas preocupações éticas.
O impacto a longo prazo e a necessidade do espaço
Enquanto Trump e seus assessores defendem a necessidade da nova estrutura devido à falta de instalações adequadas para grandes jantares de estado, a escalabilidade do salão levanta questões sobre o uso para arrecadação política. A ideia de que o novo salão poderá ser um local para eventos muito além das tradições da Casa Branca também preocupa alguns analistas.
Criticamente, muitos acreditam que esta expansão provoca uma “enorme tentação” de usar o local para arrecadar fundos, embora presidências anteriores tenham frequentemente convidado apoiadores a eventos. A prática atual limita o acesso a convites da Casa Branca, favorecendo uma audiência mais exclusiva.
Embora não seja fácil provar algum erro em relação a essas doações, a discussão em torno das intenções de Trump e do impacto dessas práticas sobre a ética no governo continua a proliferar.
Aguardamos, portanto, as revelações sobre novos doadores e o desenvolvimento dos trabalhos na Casa Branca, enquanto a sociedade observa atentamente os desdobramentos dessa polêmica contratação na construção de um espaço que, segundo o governo, deve ser utilizado por administrações futuras.


