Anunciado como uma solução para modernizar o trânsito em Ribeirão Preto, o sistema inteligente de semáforos (ITS) se encontra em meio a uma crise de execução e incertezas sobre seu futuro. Com um custo estimado de mais de R$ 120 milhões, o projeto, dividido em três fases, já enfrenta atrasos significativos e questionamentos por parte das autoridades locais.
Histórico do projeto e suas fases
O ITS foi projetado para integrar os corredores de ônibus da cidade, tanto no eixo norte-sul quanto no eixo leste-oeste. A primeira fase, que cobre as avenidas mais movimentadas, teve um investimento inicial de R$ 19,4 milhões e deveria ter sido finalizada até maio de 2025. No entanto, sua execução revelou problemas, como obstruções em dutos destinados a cabos de fibra ótica.
As dificuldades de implementação levantaram preocupações, levando a Câmara Municipal a instaurar uma CPI para investigar os motivos dos atrasos. Nesta comissão, foi noticiado que mais de R$ 15 milhões já foram pagos à empresa responsável, o Consórcio ITS, sem que a obra estivesse concluída. O atual secretário de Obras, Walter Telli, declarou que o problema, iniciado na gestão anterior, ainda não foi solucionado.
Pontos críticos da implementação
A gestão atual, liderada pelo prefeito Ricardo Silva, decidiu suspender a licitação da segunda fase, que custaria R$ 34,8 milhões, e optou por não continuar com as etapas seguintes, argumentando que a primeira fase apresenta muitos problemas de execução. Além disso, foi ressaltado que este projeto passou a ser visto como uma carga financeira pesada sem garantias de funcionamento eficaz.
O segundo estágio, que seria fundamental para abrangir outras áreas da cidade, não avançou devido à decisão de revisão da anterior administração e pela falta de previsão orçamentária. A terceira fase, a mais ambiciosa, que estava avaliada em R$ 66 milhões, sequer chegou a ser lançada.
O que está em funcionamento?
Apesar dos problemas, a Central de Controle Operacional (CCO), instalada na RP Mobi, já está em funcionamento desde 2024. A central permite o monitoramento contínuo dos semáforos e a gestão dos ônibus urbanos. Mesmo com essas funcionalidades em operação, a eficácia total do sistema ainda está comprometida devido às pendências da primeira fase.
Expectativas e futuro do projeto
As autoridades de Ribeirão Preto expressam a necessidade de reavaliação do projeto, ressaltando que, mesmo que a primeira fase do ITS seja finalizada, os benefícios não serão plenamente sentidos se não houver continuidade nas etapas subsequentes. A expectativa é que uma nova administração possa integrar novamente o projeto ao planejamento urbano da cidade, buscando soluções para os problemas enfrentados durante sua implementação.
Enquanto isso, os motoristas e passageiros do transporte público de Ribeirão Preto continuam a enfrentar os desafios diários de um trânsito problemático, aguardando que as promessas de um sistema de trânsito inteligente se tornem finalmente realidade. Os próximos passos dependem de decisões administrativas que ainda permanecem indefinidas, deixando um futuro incerto para a mobilidade urbana da cidade.
Conclusão
A situação dos semáforos inteligentes em Ribeirão Preto exemplifica os desafios que as cidades enfrentam na implementação de soluções tecnológicas em infraestrutura. Com a falta de continuidade e a necessidade de ajustes críticos, a cidade ainda luta para se tornar a metrópole moderna que o ITS prometia. O acompanhamento de sua evolução será vital para garantir que o investimento traga os resultados esperados e que a população usufrua de um trânsito mais seguro e eficiente.