A Operação Octanagem, deflagrada nesta terça-feira (21), resultou em uma série de mandados de busca e apreensão em seis postos de combustíveis em São Paulo, que são suspeitos de estar envolvidos com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Essa operação visa desmantelar uma suposta rede que utiliza os negócios de combustíveis para lavagem de dinheiro proveniente de atividades ilícitas.
Alvos da operação: quem são os investigados?
Os estabelecimentos investigados estão relacionados aos empresários Pedro Furtado Gouveia Neto e Luiz Ernesto Franco Monegatto, que, segundo servidores da Polícia Civil, são sócios de uma rede de lavagem de dinheiro do PCC, abrangendo um total de 69 postos de combustíveis. De acordo com dados levantados pelo G1, Monegatto é proprietário de 13 postos no estado de São Paulo, enquanto Gouveia está associado a 56, distribuídos em quatro estados brasileiros.
As investigações revelam que ambos os empresários mantêm vínculos comerciais com Himad Hussein Mourad, que, por sua vez, é suspeito de comandar a lavagem de dinheiro da facção criminosa. O envolvimento de Gouveia e Monegatto em esquemas fraudulentos não é recente; Gouveia já foi alvo na Operação Carbono Oculto, que buscava expor práticas de lavagem e sonegação que somavam R$ 7,6 bilhões.
Como a lavagem de dinheiro é realizada?
A investigação indica que Gouveia e Mourad estariam utilizando uma estratégia de ocultação para blindar o verdadeiro controle da rede de postos. Para isso, Gouveia teria sido nomeado formalmente como diretor-presidente da GGX Global, uma empresa que a Justiça de São Paulo aponta como conectada ao grupo criminoso de lavagem de dinheiro. O importante é que a mudança de controle teria ocorrido para desviar a atenção das autoridades sobre o verdadeiro responsável pelas operações.
Um caso emblemático mencionado nos documentos da Justiça refere-se ao Auto Posto Panamera, localizado em Praia Grande (SP), onde, em uma compra monitorada em junho deste ano, o comprovante de pagamento foi registrado em nome do Auto Posto Ímola, controlado por Monegatto. Isso sugere um entrelaçamento nas operações financeiras desses postos.
Impacto dos postos nas comunidades locais
A operação levanta questionamentos relevantes sobre o impacto que esses postos podem ter na comunidade, já que o controle de recursos financeiros ilícitos pode interferir na economia local e gerar insegurança. Além disso, a operação evidencia como organizações criminosas conseguem infiltrarse em negócios legítimos para mascarar suas atividades ilícitas.
Empresas e entidades reagem à operação
Alguns postos investigados possuem bandeiras de distribuidoras conhecidas, como Rodoil. A distribuidora mencionou que todos os estabelecimentos citados na operação foram notificados para a rescisão de contrato e retirada de marca. A empresa afirma que um dos postos estava utilizando sua bandeira de forma irregular, sem vínculo contratual.
O clube de futebol Corinthians, mencionado por estar ligado a alguns postos, também se posicionou afirmando que somente licenciou a marca e está “acompanhando as investigações e avaliando medidas jurídicas sobre os contratos vigentes até novembro de 2025”.
Próximos passos na investigação
As investigações estão em andamento, e o caso poderá ganhar novas dimensões à medida que a Polícia Civil avança nas apurações. Os advogados dos investigados ainda não se posicionaram sobre as alegações feitas contra seus clientes até a publicação desta matéria.
A Operação Octanagem é um dos muitos esforços das autoridades para combater a lavagem de dinheiro e as ligações entre negócios legítimos e organizações criminosas no Brasil. A sequência de operações como esta é fundamental para o controle e desmantelamento de redes que aproveitam-se da vulnerabilidade econômica para explorar e manipular o entorno.
As autoridades trabalham para que a verdade venha à tona e que os culpados sejam responsabilizados. A população deve acompanhar e apoiar esses esforços na busca por um sistema mais justo e transparente.