O mercado financeiro já começa a ajustar suas expectativas para a eleição presidencial no Brasil, em 2026. Analistas avaliam o impacto dos candidatos na Bolsa, câmbio e juros, além de monitorar riscos externos como tarifas de Donald Trump e o crescimento da inteligência artificial.
Expectativas eleitorais e cenário macro no Brasil
Segundo Ermínio Lucci, CEO da BGC Liquidez, a eleição presidencial no Brasil influencia fortemente os ativos financeiros. “Há um ajuste de expectativas sobre quem seria o candidato mais competitivo frente a Lula. Uma vitória de oposição tende a acelerar o ajuste fiscal via corte de gastos, possibilitando uma redução mais rápida da taxa Selic”, explica.
Para Octávio Magalhães, da Guepardo Investimentos, o cenário político pode gerar muita volatilidade no curto prazo. “Quem consegue esperar e olhar o longo prazo tem o melhor cenário”, observa. Ele destaca ainda a importância de ações para melhorar o ambiente de negócios, como a reforma administrativa, que poderia ajudar a reduzir custos do Estado.
Riscos globais e o papel de Trump na economia mundial
O painel promovido pelo Sistema CNC, jornal O GLOBO, Valor Econômico e rádio CBN revelou que o aumento da imprevisibilidade das ações de Donald Trump, com tarifas comerciais e ameaças ao Federal Reserve, aumenta a incerteza no cenário internacional. Lucci destaca que “o risco geopolítico atualmente é muito maior do que há três anos”.
O reforço das tensões entre Estados Unidos e China também afeta o fluxo de recursos globais. Magalhães comenta que há uma migração de investimentos para países emergentes como o Brasil, considerando o excedente de capital disponível e a busca por alternativas ao crescimento nos EUA.
Oportunidades e desafios para o Brasil
Na avaliação de Magalhães, o Brasil se beneficia pelo fato de sua economia ser mais fechada e resiliente frente às tensões internacionais. No entanto, ele adverte que a dependência da China e de commodities ainda representa vulnerabilidades, especialmente se a relação com Pequim se deteriorar.
Erminio Lucci reforça que avançar na reforma tributária e administrativa é fundamental para criar um ambiente de negócios mais favorável. “A reforma tributária de 2023 começa a fazer efeito em 2026, mas é preciso dar novos passos, como a retomada da reforma administrativa”, afirma.
Perspectivas e riscos adicionais
Discussões sobre uma possível bolha de investimentos em inteligência artificial (IA) também fazem parte do debate. Magalhães ressalta a dificuldade de avaliar se os ativos estão caros ou se há excesso de otimismo: “Nem mesmo CEOs de empresas de IA conseguem determinar se esses ativos estão em equilíbrio”.
Lucci alerta que o risco de uma bolha de IA ainda é incerto, mas o risco político global, especialmente com Trump, é mais palpável. “Sua imprevisibilidade, com tarifas ou intervenções, gera incerteza difícil de precificar”, destaca.
Compromisso com o desenvolvimento sustentável
José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, destaca a importância de discussões aprofundadas sobre juros, câmbio e reformas para garantir a estabilidade econômica e estimular investimentos e criação de empregos no Brasil, em sintonia com o objetivo de desenvolvimento sustentável.