Brasil, 22 de outubro de 2025
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Justiça do Rio absolve réus por incêndio no Ninho do Urubu

A Justiça absolveu réus do incêndio que matou 10 jovens no Flamengo, considerando insuficientes as provas para a condenação.

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu absolver os sete réus envolvidos no trágico incêndio que, em fevereiro de 2019, resultou na morte de dez jovens atletas no Centro de Treinamento do Flamengo, conhecido como Ninho do Urubu. A decisão foi anunciada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital, e gerou reações diversas entre as famílias das vítimas e a sociedade. O juízo considerou a denúncia do Ministério Público improcedente e determinou o arquivamento do processo, desencadeando um novo debate sobre responsabilidades e segurança nas instalações esportivas.

Decisão da Justiça e consequências

O juiz Tiago Fernandes de Barros argumentou que não havia provas suficientes para fundamentar a acusação de incêndio culposo e lesão corporal grave. Com mais de 40 testemunhas ouvidas no processo, o magistrado destacou que as condutas atribuídas aos réus não se referiam às funções que cada um exercia no clube ou nas empresas envolvidas, o que levou à sua absolvição.

Os acusados incluíam nomes como Antônio Márcio Mongelli Garotti, diretor financeiro do Flamengo entre 2017 e 2020, que foi isentado de responsabilidade penal pelo juiz, assim como outros diretores e engenheiros. A decisão do juiz enfatizou que as questões técnicas estavam além do escopo de atuação dos absolvidos e que a natureza difusa da cadeia causal dificultava a individualização das condutas.

A defesa dos réus alegou que muitos não tinham formação técnica na área de engenharia, arquitetura ou eletricidade, não havendo, portanto, responsabilidade penal em suas atuações, mesmo diante do ocorrido. O Ministério Público, que havia solicitado a condenação, se encontra agora em posição de recorrer da decisão.

Repercussão do incêndio e investigações

A tragédia no Ninho do Urubu abalou o esporte nacional e levantou questões sobre as condições de segurança em instalações esportivas. O incêndio ocorreu enquanto 26 jovens atletas dormiam em alojamentos feitos de contêineres, e as investigações apontaram a possibilidade de um curto-circuito em um ar-condicionado, que era mantido ligado continuamente. Criticamente, também foi revelado que o CT não possuía alvará de funcionamento no momento do incêndio, levantando questões sobre a fiscalização e segurança no local.

As audiências do processo começaram em agosto de 2023, com a sociedade acompanhando ansiosamente cada passo. O ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, foi retirado da lista de réus devido à prescrição da pena, uma jogada que levantou preocupações sobre a responsabilidade dos líderes do clube.

Famílias e acordos de indenização

As famílias das vítimas, que lidaram com a dor da perda desde 2019, celebraram acordos de indenização com o Flamengo ao longo dos últimos anos. Em fevereiro de 2025, um último acordo foi firmado com a família de Christian Esmério, o goleiro de apenas 15 anos. Até agora, o clube havia celebrado um total de dez acordos com os familiares das vítimas, como uma tentativa de reparar o sofrimento irreparável causado pela tragédia.

O incêndio ceifou a vida de atletas promissores, além de gerar uma onda de solidariedade e exigência de mais segurança em centros de treinamento em todo o Brasil. As famílias das vítimas, ainda em luto, esperam que a Justiça seja feita, não apenas por elas, mas por todos os que confiavam no sistema esportivo e em sua capacidade de proteger os jovens talentos.

O caso continua a ressoar entre os torcedores e a sociedade, levantando a questão sobre como prevenir tragédias como esta no futuro. A falta de resposta do Flamengo ao Portal iG sobre a decisão da Justiça acrescenta um novo capítulo à história dolorosa do Ninho do Urubu, que ainda deixa marcas profundas nas famílias das vítimas e no esporte brasileiro.

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