Na última terça-feira, o vice-presidente Geraldo Alckmin assumiu interinamente a Presidência do Brasil devido a uma viagem oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao sudeste da Ásia. Esta é a 37ª vez que Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ocupa o cargo, totalizando 133 dias no exercício da Presidência desde o início do mandato de Lula, segundo levantamento do GLOBO com base na agenda oficial.
O papel de Alckmin na Presidência interina
Com a soma das ocasiões em que exerceu a presidência, Alckmin ficou à frente do Executivo por cerca de quatro meses e meio. Entretanto, essa quantia ainda é inferior ao tempo que José Alencar, vice-presidente durante os primeiros mandatos de Lula, ocupou a função no mesmo período. Durante seu período no cargo, Alckmin tem buscado se consolidar politicamente para a reeleição em 2026, uma manobra que inclui participar de negociações com os Estados Unidos para revogar tarifas comerciais que impactam o Brasil.
Conquistas e desafios do vice-presidente
O fato de Alckmin estar assumindo a Presidência mais uma vez é considerado um sinal de prestígio, especialmente após ser escalado por Lula para negociações de relevância internacional. Recentemente, o ministro das Cidades, Jader Filho, fez declarações que valorizam a presença de Alckmin na chapa para as próximas eleições, acentuando o interesse de outros partidos, como o MDB, pelo cargo de vice.
Ao comparar sua trajetória com a de outros vices, observa-se que quando Lula tinha apenas dois anos e dez meses de seu governo, Alencar já havia assumido a presidência em 45 oportunidades, somando 171 dias à frente do poder. Comparativamente, neste mandato, Alckmin já superou Hamilton Mourão e Michel Temer em termos de tempo acumulado na Presidência, tornando-se uma figura central e simbólica dentro do governo atual.
Expectativas da visita do presidente Lula
Alckmin comandará a Presidência até pelo menos o dia 27 de outubro e está previsto para atingir 139 dias no cargo. A atual missão de Lula contempla uma gama de compromissos em diversos países, começando por Jacarta, na Indonésia, onde participará de eventos focados no fortalecimento de relações bilaterais, especialmente em áreas como comércio, segurança alimentar e desenvolvimento sustentável. A viagem de Lula também inclui a participação em uma cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), onde a presença de um presidente brasileiro é uma novidade histórica.
Fortalecendo laços com o sudeste asiático
A missão de Lula em Jacarta visa fortalecer parcerias comerciais, refletindo a intenção do Mercosul de ampliar acordos similares com a Indonésia, que recentemente firmou um pacto comercial com Cingapura. A expectativa é que o Brasil e a Indonésia trabalhem juntos em áreas estratégicas, incluindo bioenergia e defesa, elementos que são cruciais para a agenda comerciais do Brasil na região.
Em Kuala Lumpur, Lula terá encontros com o primeiro-ministro malaio, Anwar bin Ibrahim, explorando a possibilidade de parcerias em setores como semicondutores e produtos halal. A participação do Brasil na cúpula da Asean é vista como uma oportunidade para o país firmar sua posição no cenário internacional e expandir sua influência no sudeste asiático.
Assim, enquanto Alckmin ocupa a presidência interinamente e limita-se a reuniões curtas, a viagem de Lula pode moldar não apenas as relações do Brasil, mas também as expectativas políticas para as próximas eleições, reforçando a importância do vice-presidente nas articulações da chapa governamental.