Brasil, 22 de outubro de 2025
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Famílias de vítimas do Ninho do Urubu reagem à absolvição dos réus

A absolvição dos responsáveis pelo incêndio no Ninho do Urubu gera revolta entre os familiares das vítimas, que prometem recorrer.

Na última terça-feira, uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro absolveu todos os réus envolvidos no trágico incêndio que, em fevereiro de 2019, vitimou dez jovens das categorias de base do Flamengo, deixando as famílias dos garotos em estado de choque. A Promotoria e os advogados dos familiares já se manifestaram, afirmando que irão recorrer da sentença em primeira instância.

A dor e a indignação das famílias

Rosana Souza, mãe de Rykelmo, uma das vítimas, expressou sua tristeza e frustração: “Estamos em luto, o luto voltou com mais força. Fiquei sabendo da absolvição através de um grupo de mensagens. Foi um choque, relembramos o dia daquela tragédia novamente”. A indignação de Rosana é compartilhada por outras mães, como Alba Valéria Santos, que perdeu seu filho Jorge Eduardo. Alba declarou: “Parece que fomos nós os culpados por deixar nossos filhos lá. Quem recebeu a sentença fomos nós”.

As mães, que ao longo dos anos têm se apoiado mutuamente, agora se sentem ainda mais solitães após a decisão judicial que as acusou de não ter um responsável pela segurança dos meninos. “Eram dez garotos com sonhos inacabados e ninguém é culpado?”, questiona Rosana, reclamando da falta de responsabilidade de quem deveria zelar pela segurança dos jovens. Ela também critica a atuação do Flamengo, afirmando não ter tido contato com representantes do clube desde a tragédia.

Mobilização por justiça e protestos

A Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (Afavinu), que reúne parentes das vítimas, não se conformou com a absolvição e emitiu uma nota oficial destacando que a sentença representa “uma grave afronta à memória das vítimas e ao sentimento da sociedade”. A associação pediu maior rigor nas investigações e destacou que a decisão judicial falha em sua função pedagógica de prevenir novas tragédias.

O comunicado da Afavinu afirmou: “Entendemos que o papel da Justiça não se limita à aplicação da lei, mas exerce uma função essencial na prevenção de episódios semelhantes, enviando uma mensagem clara à sociedade de que negligências não serão toleradas.” Eles lembraram que os jovens dormiam em contêineres improvisados e sem segurança adequada, com indícios de falha elétrica e grades que dificultavam a saída.

Alba e Rosana reafirmaram sua esperança em uma justiça divina, muitas vezes abraçando a luta por uma revisão da sentença nas instâncias superiores como último recurso. “Ainda acreditamos que a justiça possa ser feita. A luta está longe de acabar”, disse Alba, que expressou profunda revolta pela decisão. Ambas as mães estão dispostas a continuar lutando até que a justiça seja feita e até que suas vozes sejam finalmente ouvidas.

O papel da sociedade e a responsabilidade pelo futuro

O sentimento de impunidade que permeia a situação é compartilhado por muitos que acompanharam o caso. O Ministério Público havia solicitado a condenação de todos os envolvidos, responsabilizando-os por incêndio culposo qualificado. A decisão de absolver todos os réus foi considerada um golpe não apenas para as famílias, mas para todos que acreditam que a vida de jovens atletas deve ser protegida a todo custo.

A luta da Afavinu não é apenas pelo reconhecimento da dor individual, mas também pela mudança nas políticas de segurança que envolvem os centros de treinamento no Brasil. “A memória dos jovens não será silenciada. Nossa luta é pela segurança de crianças e adolescentes em instituições esportivas”, finaliza a nota da associação.

Conforme a sociedade toma conhecimento dos desdobramentos do caso, fica clara a necessidade de uma mobilização enérgica para que tragédias como a do Ninho do Urubu não se repitam. O amor pelo futebol deve ser acompanhado de responsabilidade, ética e respeito pela vida. Os familiares dos garotos que sonhavam em se tornar atletas profissionais agora lutam para garantir que suas memórias sejam honradas e que a segurança seja uma prioridade nas futuras gerações de jovens atletas.

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