A tragicidade do incêndio no Centro de Treinamento (CT) do Flamengo, que vitimou dez jovens em fevereiro de 2019, ainda ressoa intensamente nas mães e pais destes adolescentes. A Afavinu, associação que representa esses familiares, manifesta indignação após a Justiça do Rio de Janeiro ter absolvido todos os sete réus do processo criminal relacionado à tragédia. Em nota oficial, a associação descreve a decisão como uma “grave afronta à memória das vítimas e ao sentimento de toda a sociedade”.
A mensagem da Justiça
No comunicado, a Afavinu expressa seu “profundo e irrevogável protesto” diante da sentença proferida pela 36ª Vara Criminal da Comarca. O juiz responsável, Tiago Fernandes de Barros, alegou “ausência de demonstração de culpa penalmente relevante” e uma “impossibilidade de estabelecer um nexo causal seguro entre as condutas individuais e a ignição” do incêndio. Contudo, os familiares acreditam que a função da Justiça vai além da aplicação da lei: trata-se também de prevenir novas tragédias e enviar uma mensagem de que a negligência em segurança não será tolerada.
As condições inseguras no Ninho do Urubu
De acordo com a Afavinu, os jovens estavam dormindo em contêineres improvisados — um ambiente sem o alvará adequado, que apresentava falhas elétricas e grades em janelas que dificultavam a saída. Tudo isso levanta questões sobre a responsabilidade dos dirigentes esportivos e a segurança em alojamentos de atletas, que devem ser rigorosamente fiscalizados.
O apelo por justiça
Apesar da absolvição em primeira instância, que permite recurso, os familiares ressaltam que não desistirão de sua busca por justiça. A declaração da Afavinu é clara: “A absolvição dos acusados renova em nós o sentimento de impunidade e fragiliza o mecanismo de proteção à vida e à segurança dos menores”. Além disso, eles pedem um acompanhamento mais rigoroso do caso por parte do poder público e dos órgãos de fiscalização.
Sete réus e um sentimento de impunidade
Além dos sete réus absolvidos, quatro outros indivíduos já haviam escapado de responsabilização. Entre estes, o ex-presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, teve sua possibilidade de punição extinta em 2021, devido à prescrição. O Ministério Público havia solicitado a condenação de todos os 11 denunciados, responsáveis pelo incêndio culposo que resultou na morte dos jovens.
Um chamado à sociedade
A nota da Afavinu não é apenas um lamento, mas um clamor à sociedade e à imprensa. A associação convoca todos os envolvidos com os direitos humanos e entidades ligadas ao esporte para que se unam na luta pela segurança e pela vida das crianças e adolescentes em clubes de futebol e outras instituições. Eles insistem que o amor pelo esporte deve se traduzir também em um compromisso com a vida e a segurança.
“Honrar esses valores é proteger as futuras gerações de atletas e garantir que o futebol continue sendo motivo de alegria — nunca de luto”, afirmam os familiares, que desejam que a memória dos jovens não seja silenciada e que suas vidas interrompidas sirvam como um alerta para que tragédias semelhantes não se repitam.
A AFAVINU finaliza seu comunicado reforçando a esperança de que a decisão da Justiça seja revisada e que seja estabelecido um precedente contra a negligência que coloca em risco a vida de tantos jovens. A luta por justiça continua, e a associação está determinada a seguir em frente.