Brasil, 22 de outubro de 2025
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Dilexi te: exortação do Papa Leão XIV reforça compromisso com os pobres

A exortação apostólica “Dilexi te” destaca a missão da Igreja em favorecer os pobres, trazendo à tona ensinamentos do Concílio Vaticano II.

A primeira exortação apostólica do Papa Leão XIV, intitulada “Dilexi te”, tem gerado ampla discussão e reflexão acerca do papel da Igreja na sociedade contemporânea, especialmente em relação aos pobres. Em um mundo onde as desigualdades sociais se intensificam, o Papa, junto ao cardeal arcebispo de Chicago, Blase Cupich, relembra o significado profundo e a responsabilidade da Igreja como “a Igreja de todos, e particularmente, a Igreja dos pobres”. Esta perspectiva, que não se limita a uma simples retórica, é fundamental para a renovação da espiritualidade católica e suas práticas sociais.

Os ensinamentos do Concílio Vaticano II e a Igreja dos pobres

A exortação do Papa destaca o impacto do Concílio Vaticano II no discernimento eclesial quanto às questões dos pobres. O Papa Leão XIV sublinha que, embora os documentos preparatórios do Concílio tivessem mencionado o tema de forma marginal, a inclusão das vozes dos mais necessitados se tornou um eixo central do diálogo e das reformas. O cardeal Giacomo Lercaro, arcebispo de Bolonha, observou em 1962 que “o mistério de Cristo na Igreja sempre foi, e é hoje, de modo particular, o mistério de Cristo nos pobres”. Essas palavras ressoam fortemente na atualidade, propondo que a verdadeira essência da Igreja deve estar profundamente ligada à realidade dos pobres.

Na exortação “Dilexi te”, Leão XIV recomenda que a Igreja se distancie dos adornos mundanos e busque uma estética de simplicidade e soberania, refletindo assim a figura histórica do povo de Deus. Isso busca um compromisso genuíno com a pobreza e a solidariedade. A intenção é que a liturgia, sempre um foco de adoração, se torne um espaço que favoreça a participação ativa de todos os fiéis, permitindo que cada indivíduo esteja mais próximo do propósito divino.

A importância da reforma litúrgica

O Papa Leão XIV também aborda a necessidade de uma nova forma eclesial que ressoe com a simplicidade do Evangelho. Em suas reflexões, ele menciona que a reforma da liturgia não deveria ser apenas uma tentativa de resgatar tradições do passado, mas sim uma renovação que permitisse a presença de Deus brilhar mais intensamente. A Sacrosanctum Concilium, documento fundamental do Concílio, pede essa restauração não como um retorno ao passado, mas como um avanço para uma Igreja que é “mais semelhante ao seu Senhor do que aos poderes mundanos”.

A reforma litúrgica é, portanto, um caminho para restabelecer uma identidade eclesial que não seja apenas decorativa ou superficial, mas que busque de forma consciente a verdadeira participação da comunidade na liturgia e, por consequência, na vida da Igreja. Uma Eucaristia celebrada segundo os preceitos da simplicidade pode se transformar em um “projeto de solidariedade para toda a humanidade”, como enfatiza o Papa São João Paulo II.

Desafios contemporâneos e a missão da Igreja

À medida que o mundo enfrenta crises como a desigualdade social, a violência e a falta de paz, os ensinamentos contidos na exortação “Dilexi te” propõem um papel ativo aos cristãos. O convite é para que, por meio de seus atos de amor e solidariedade, os fiéis se tornem “promotores de comunhão, paz e solidariedade”. Desta forma, a Igreja é convocada a ser um instrumento de mudança, buscando a inclusão dos marginalizados e a promoção de justiça social.

É fundamental que cada católico, em sua vida cotidiana, reflita sobre como pode contribuir para essa missão. A Carpideira da Igreja não é apenas uma tradição, mas uma ferramenta poderosa para conectar os fiéis à essência do Cristianismo – um chamado ao amor, à compaixão e ao serviço aos pobres. Assim, a exortação de Leão XIV não é apenas uma declaração formal, mas um chamado vivencial à ação, que está mais presente do que nunca em nosso tempo.

Através de “Dilexi te”, o Papa reafirma que a verdadeira autenticidade das celebrações eucarísticas vai além da repetição de rituais; está na transformação que cada ato de amor e cada gesto solidário traz à vida dos que cercam a Igreja. Portanto, para ser uma Igreja eficaz e fiel aos ensinamentos de Cristo, o cuidado pelos necessitados deve estar no coração de todos os cristãos.

O estudo e a prática dos princípios contidos na exortação apostólica irão não apenas moldar a Igreja de hoje, mas também determinar seu futuro na construção de um mundo verdadeiramente mais justo e fraterno, onde os pobres possam ver a Igreja como aliada em sua luta pela dignidade e pelo direito à vida. A reflexão e a prática desses ensinamentos são fundamentais para que a Igreja cumpra sua missão de ser a luz do mundo e o sal da terra, especialmente na vida dos mais necessitados.

Por Blase Cupich, cardeal arcebispo de Chicago

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