Brasil, 22 de outubro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Contrabando e crise turutam apoio a Milei na Argentina

Disfunções econômicas, aumento do contrabando e insegurança desafiam o apoio ao governo de Milei em Salta

Dois anos após a vitória esmagadora de Javier Milei na eleição presidencial da Argentina, a crise econômica e o aumento do comércio ilegal estão colocando à prova o apoio político ao líder libertário, especialmente na província de Salta. Aliado ao declínio da estabilidade financeira, o contrabando e a desorganização econômica ameaçam o entendimento do governo Milei na região.

Desafios econômicos e o papel do contrabando em Salta

Salta, uma das regiões mais ricas em recursos naturais e conhecida por seus vinhedos de Malbec, enfrenta uma crescente onda de contrabando que alimenta o mercado negro. Segundo Mauricio Loutaif, proprietário de loja na fronteira com a Bolívia, “há muito tempo Salta é porta de entrada para tráfico de drogas, pessoas e contrabando”, especialmente de produtos eletrônicos, alimentos e bens de consumo. A suposta tentativa do governo de Milei de controlar o peso com controles cambiais tem alimentado a circulação de mercadorias ilícitas, como iPhones, notebooks e máquinas de lavar, vindas da fronteira.

A região se tornou um centro de entrada do comércio ilegal, apesar do esforço oficial de limitar imigração e comércio ilegais. Foram relatados aumentos de importações não tributadas, o que impacta negativamente setores como o agrícola, com agricultores de Salta vendo suas colheitas depreciadas por causa da concorrência com produtos importados e contrabandeados.

Impactos sociais e econômicos na vida cotidiana

Milhares de moradores, como Raquel Avalos, mãe de três filhos, dependem do contrabando para sobreviver: ela consegue ganhar cerca de US$ 1.600 por mês transportando produtos da Bolívia para Argentina, pagando em pesos, enquanto seus negócios prosperam graças à política de Milei de manter o peso valorizado. No entanto, muitos comerciantes locais estão vendo suas vendas despencarem devido à concorrência desleal, a queda do peso e as restrições econômicas.

Na cidade fronteiriça de Oran, mais de uma dúzia de lojas fecharam este ano por causa do aumento das importações ilegais, e os funcionários abandonam os empregos formais na busca de oportunidades no comércio ilícito, muitas vezes mais rentável. Segundo Loutaif, “o volume de vendas caiu 40% neste ano” e a crise levou a uma redução significativa na quantidade de trabalhadores na região.

Repercussões políticas e desafios para Milei

Incertezas políticas também afetam a governabilidade de Milei. Apesar das intervenções do governo norte-americano, que ajudaram a estabilizar temporariamente o peso através de compras de moeda e auxílio financeiro, o risco de instabilidade permanece. Os resultados das eleições legislativas de outubro são considerados cruciais para a continuítion de sua estratégia econômica.

Na prática, Milei enfrenta dificuldades de consolidar alianças políticas, ao passo que seu discurso de austeridade e controle rígido sobre a moeda tem causado insatisfação entre seus apoiadores mais pobres. Trabalhadores informais, como Avalos, continuam preferindo o mercado ilegal por oferecerem maior rentabilidade e liberdade, mesmo com os riscos de segurança e insegurança.

Perspectivas futuras

Especialistas avaliam que, apesar das tentativas de contenção, o contrabando e a crise econômica podem aprofundar a instabilidade na Argentina, especialmente em regiões como Salta. A situação revela um cenário delicado de fragilidade institucional, em que a economia informal tende a crescer, dificultando o controle do Estado e pressionando a legitimidade do governo de Milei.

Ainda que o governo tenha prometido ampliar operações de combate ao comércio ilegal, a efetividade dessas ações ainda é questionada diante das rotas de contrabando já estabelecidas nas fronteiras. O impacto na economia local, no apoio popular e na estabilidade política da Argentina ainda será sentido nos próximos meses.

Para mais detalhes, acesse o link original.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes