Brasil, 22 de outubro de 2025
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Câmara aprova urgência de projeto que cria bancada cristã

A proposta que estabelece a bancada cristã na Câmara recebeu 398 votos a favor e busca representação no colégio de líderes.

Na última quarta-feira, a Câmara dos Deputados tomou uma decisão significativa ao aprovar a tramitação em regime de urgência do projeto de resolução que cria a bancada cristã. A proposta, que foi apresentada por membros das frentes evangélica e católica, visa estabelecer uma nova liderança com direito a voto no colégio de líderes, que é responsável por definir a pauta de votações e conduzir as negociações políticas da casa. O projeto conseguiu um amplo apoio, com 398 votos favoráveis e apenas 30 contrários.

Objetivo da bancada cristã

A criação da bancada cristã tem como objetivo equiparar os grupos religiosos com outras bancadas que já estão representadas no colégio de líderes, como a bancada feminina e a bancada negra. Os parlamentares que defendem a criação da bancada acreditam que isso proporcionará uma voz mais forte para os interesses da população cristã, que representa mais de 80% da população brasileira.

Em meio à aprovação, houve protestos por parte da oposição. O deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ) criticou a proposta, afirmando que é inconstitucional priorizar uma religião em detrimento de outras, o que, segundo ele, violaria o princípio do Estado laico. Em resposta, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou que a análise da constitucionalidade do projeto seria tratada em outra oportunidade. Ele também expressou otimismo quanto à nova proposta: “Hoje é um dia de muita alegria”, afirmou o presidente da Câmara.

O papel da liderança cristã

A articulação para a criação da bancada cristã é liderada pelos deputados Gilberto Nascimento (PSD-SP) e Luiz Gastão (PSD-CE), que representam as frentes evangélica e católica, respectivamente. A ideia é unificar as duas frentes sob uma representação institucional que lhes permita indicar um líder e participar das reuniões que definem as prioridades da Câmara. Inicialmente, Nascimento assumirá a posição no colégio de líderes, com a intenção de revezar anualmente essa responsabilidade entre os dois grupos.

Luiz Gastão defendeu a necessidade da criação da bancada, argumentando que “a Constituição nos garante liberdade de manifestação em todas as formas”. Essa nova liderança não apenas terá direito a participar das discussões, mas também contará com prerrogativas importantes, como o direito de voto nas reuniões do colégio de líderes e a capacidade de negociar tempo de fala, além de poder indicar representantes em comissões e ter acesso direto à Mesa Diretora.

Repercussão política e apoio conservador

A expectativa é que, se o projeto for aprovado definitivamente, a nova bancada cristã injete uma maior força política nas decisões internas da Câmara, considerando que a Frente Evangélica, que já possui mais de 200 parlamentares, possa dobrar o número de representantes com a inclusão de parlamentares que se identificam com pautas cristãs, mesmo sem vínculos diretos com igrejas.

A discussão sobre a criação da bancada cristã não é nova. O tema já havia sido abordado durante a gestão de Arthur Lira (PP-AL), mas ganhou novo impulso sob a liderança de Hugo Motta, que busca consolidar apoio entre segmentos religiosos e garantir espaço institucional para frentes temáticas. Esse movimento é interpretado como uma estratégia política para fortalecer vínculos com a base conservadora da Câmara em um momento de reconfiguração de forças no plenário, além de abordar questões sensíveis ao eleitorado cristão.

Eventos e simulações de cultos

Durante o processo de formação da bancada, integrantes da futura bancada cristã participaram de um culto ecumênico na própria Câmara. O presidente da Câmara, Hugo Motta, esteve presente ao evento, que teve momentos simbólicos como a interpretação de uma música que pedia anistia aos condenados pelos atos do dia 8 de janeiro de 2023. Essa atmosfera de religiosidade reforça a identificação dos parlamentares com a base eleitoral que representam.

O dia da aprovação também coincidiu com a publicação do acórdão das condenações pelos ataques golpistas e o esvaziamento da discussão sobre a anistia na Câmara. Enquanto isso, Hugo Motta abordou a questão das reduções de pena, afirmando que não havia novidades sobre tal proposta, enfatizando a complexidade do debate político que envolve a nova bancada cristã e as repercussões sociais e políticas que surgem dessa nova configuração na Câmara dos Deputados.

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